21 abril 2023 0:34
Discutem-se medidas para a classe média com base numa ideia irrealista. Metade dos portugueses não ganha mais de €1000 e três quartos estão abaixo de €1700
21 abril 2023 0:34
Faz-se uma busca rápida no Google com a expressão “classe média” e encontram-se mais de 30 referências em notícias só nas últimas 24 horas. É, provavelmente, um dos conceitos indefinidos mais usados e abusados. Talvez só comparável à “zona de conforto”, uma espécie de inferno da Terra de onde todos querem escapar embora não se saiba muito bem onde fica. Classe média são, em teoria, todos aqueles que, tendo assegurado a satisfação das necessidades básicas, têm alguma capacidade de consumo e lazer e preocupam-se com as escolhas coletivas. Não há um critério único para a definir, porque cruza padrões económicos com indicadores sociais. O único problema é que a teoria só é fantástica até ao ponto em que esbarra na realidade. E o que vemos em Portugal é que aquilo a que muitos chamam classe média não é uma classe assim tão média. São quase ‘ricos’, nos padrões relativos portugueses, e não são assim tantos. Por exemplo, o limite de renda acessível para um T1 em Lisboa é €900. Para conseguir suportar este valor com uma taxa de esforço até 35% do rendimento, um casal tem de receber mensalmente cerca de €4000 brutos (€2000 cada um). Um valor bem acima da média, seja qual for o critério utilizado.
Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.