Opinião

À espera do fim

À espera do fim

Sérgio Humberto

Presidente da Câmara Municipal de Trofa

Portugal vive momentos difíceis, que exigiam um governo competente, sensato, com estratégia e visão. Infelizmente para os portugueses, as características do Executivo liderado por António Costa não poderiam estar mais longe das necessidades do país

Diariamente assistimos às consequências de uma governação esgotada, arrogante, desacreditada, onde não se vislumbra um rumo ou agenda reformista. Um desnorte total em relação à vida concreta e ao que queremos para o futuro.

A vergonhosa e inacreditável gestão do dossier TAP, o estado de colapso do Serviço Nacional de Saúde ou a utilização do PRR para colmatar falhas no investimento público em detrimento das empresas e do país são apenas alguns dos muitos exemplos da sua falta de visão e incapacidade para governar, que mina a democracia, a confiança geral e as dinâmicas de quem quer fazer a pensar nas pessoas e nos territórios.

Foi o que aconteceu também com o acesso à habitação. Sem ligar aos sinais das últimas décadas ou ouvir as autarquias locais – que no terreno, conhecem as necessidades reais das populações – despertou para o tema ao fim de oito anos de governo e outros tantos de autarca na capital do país, apresentando uma bomba atómica para iniciativa privada, que implode o investimento, a confiança e o emprego, sem resolver os problemas.

Noutra área, tarde e a más horas, dando o dito por não dito, tirou da cartola um segundo pacote de apoio às famílias, que reforça o desnorte do Governo e impõe uma ditadura de gosto na alimentação. Para suprir as necessidades dos portugueses numa área essencial como a alimentação, apostou numa ‘lista de compras a IVA 0%. Depois de atacar a propriedade privada, António Costa não escolheu melhor do que condicionar a livre escolha dos portugueses, decidindo por elas qual deve ser a sua alimentação.

Na verdade, o Governo insiste em cometer o mesmo erro de setembro de 2022, quando atribuiu um pagamento de 125 euros a cada contribuinte com rendimento até 2700 euros mensais. Para o governo PS, o que está certo é carregar os portugueses com impostos, desdobrando-se depois em apoios, em registo de atribuição de benesses e migalhas, que distribui sem avaliar devidamente o seu impacto.

Faz sentido misturar no mesmo saco famílias vulneráveis e outras, que afetadas pelo aumento do custo de vida não têm as mesmas necessidades? Para mim é claro que não, e dou como exemplo uma opção, que eu próprio tomei, enquanto presidente da Câmara da Trofa.

Correndo o risco de ser incompreendido, e consequentemente, impopular – o que António Costa parece temer, pela sua sobrevivência política –, mas com sentido de justiça e equilíbrio, decidi retirar a oferta de livros escolares indiscriminada a todas as crianças, atribuindo-a apenas às famílias que, em função dos seus rendimentos, dela verdadeiramente necessitam.

Não estamos todos no mesmo barco de necessidades, não temos de espartilhar a escolha individual. Quem se encontra em situação de especial vulnerabilidade tem de ser apoiado com medidas sólidas, nomeadamente através de apoios financeiros diretos, e com oportunidades para sair dessa condição.

Quanto à classe média, o que a ajudaria seria o alívio do IRS, o que a atual folga orçamental, para a qual os cidadãos tanto têm vindo a contribuir, permite. Fazê-lo aliviaria uma classe média espartilhada pelo fisco, permitindo que as pessoas, seres livres e com critério, façam as suas próprias escolhas, promovendo o desempenho e o mérito.

Esta é e será a alternativa em relação a uma cultura de esquerda e maternalista do Estado, que nos diz o que devemos fazer, que decide por nós, que limita as empresas e a economia. Uma alternativa que aposta na política ao serviço dos cidadãos, que valoriza o bom funcionamento do Estado nas suas funções essenciais, a iniciativa privada, o mérito, o investimento privado e a escolha individual.

Acredito que os portugueses também já perceberam que com este Governo, no melhor dos cenários, ficamos na mesma, mas sempre em rota de perda. Resta-nos aguardar pelo fim destes penosos anos perdidos para Portugal.

* O autor é também presidente da Distrital do Porto do PSD

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

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