Opinião

O Rich Asshole Syndrome

14 abril 2023 0:24

Não é só nas séries de TV. Os muito ricos tendem a ser más pessoas. Não contem com eles para salvar o mundo

14 abril 2023 0:24

Nunca vi a série “Succession” (HBO Max), sobre os dramas de uma família norte-americana ultrarrica, pertencente aos tais 1%, pois sei, desde a “Dallas” do petróleo do Texas da década de 1970, que a vida e as relações familiares dessa gente se pautam por sacanices lá entre eles e contra o mundo em geral. Mas foi notícia global uma cena do primeiro episódio da temporada que agora foi estreada, que teria que ver com o desconsiderar uma rapariga que teria entrado num evento lá “deles” com uma mala grande da Burberry, de milhares de dólares, ao acompanhar um dos membros menos importantes da família e que acabaria destratada. A mala — o tamanho e a exibição da marca através do padrão do tecido — foi o que a denunciou como “intrusa”. Pelos clipes que vi, foi atacada pela matilha. Sem saber muito mais, tenho a dizer que, sim, é credível, por um motivo: os muito ricos tendem a ser idiotas para com as outras pessoas. É do que vos quero falar. Do Rich Asshole Syndrome, um facto estudado há décadas que demonstra que quanto maior for o diferencial de riqueza maior é a tendência para se distanciar das outras pessoas, para não se ser capaz de sentir empatia, para se ser aquilo que podemos classificar de “maus” seres humanos. O que se torna relevante quando vivemos num mundo em que quase 1% dos mais ricos detêm cerca de metade da riqueza do planeta. Saber isto é saber que não se pode contar com a “bondade” dessas pessoas para resolver os problemas da pobreza ou da iniquidade ou da desigualdade. Só com políticas fiscais, por exemplo, que compreendam estas nuances da natureza humana, se poderá efetivar alguma justiça social. Mas já lá vamos.

Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.