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Opinião

Em defesa de Laura Abreu Cravo, esposa de alguém

Em defesa de Laura Abreu Cravo, esposa de alguém

Rodrigo Tavares

Professor catedrático convidado na Nova SBE

Quando contarmos a história da reemergência da extrema-direita em Portugal, este incidente deverá ser citado

Para evitar interpretações criativas, começo com um disclaimer. Conheço Laura Abreu Cravo profissionalmente; nada sei sobre a sua vida pessoal. Conhecia-a na sequência de uma conferência que proferi há vários anos num escritório de advogados e, desde essa altura, conversamos pontualmente sobre tendências no mercado financeiro e da sustentabilidade.

É uma jurista com grande domínio da agenda regulatória europeia em mercado de capitais, área em que tem centrado o seu percurso académico e profissional das últimas duas décadas. É quadro da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), mas exerce atualmente funções no Ministério das Finanças, ao abrigo do regime de mobilidade. A motivação inicial para a transferência foi a necessidade de reforçar o ministério durante a Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia de 2021. As suas habilitações estão perfeitamente alinhadas com as funções que desempenha presentemente.

O programa Exclusivo da TVI revelou esta semana que o “Ministério das Finanças ocultou a nomeação da mulher de João Galamba do Diário da República”, tendo deixado “espantados os especialistas em administração pública” (que não foram identificados). A mensagem intrínseca da reportagem é a de que a esposa de um ministro foi indevidamente beneficiada com um alto cargo num ministério. Para esconder a benesse, evitou-se a publicação em Diário da República (DR).

Se foi cometida alguma irregularidade com a falta de publicação em DR do seu cargo no Ministério das Finanças ou se Laura Cravo não deveria exercer competências de direção por não ter sido nomeada em regime de substituição, que estes erros sejam rapidamente corrigidos. Se o seu atual posto deriva de algum quid pro quo entre colegas partidários, que seja apurado. Se ainda falta revelar algum acrescento a este episódio, que não se perca tempo a identificar responsabilidades e a punir os transgressores.

Mas a investigação da TVI desta semana é uma anomalia jornalística.

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