Opinião

O perigo vermelho do TikTok

6 abril 2023 0:24

Cerca de dois terços dos utilizadores, a grande maioria jovens, dizem que se sentem compelidos a comprar mesmo quando não estão virados para aí

6 abril 2023 0:24

Constara-me que Marie Kondo tinha tido uma epifania. A evangelizadora da arrumação, multi-hiper-bestseller, que convenceu uma horda global de seguidoras que a arrumação obsessiva, a limpeza maníaca, o desprendimento em relação aos objetos era algo que “mudava a vida”, tinha, afinal, dado em bandalha. Para ser mais preciso, Kondo, agora uma mulher de bens (financeiros), teve três filhos. E lá se foi a mania da arrumação. Há que aceitar. Mas quem abraçou as teorias de Marie Kondo está irritada com este desprezo pelos valores que esta andou a apregoar: “Foi uma purga cerimonial que prometeu, uma purificação de almas e isso afigurava-se extremamente bom”, escreveu indignada a cronista Cordelia Jenkins no “Financial Times”. Hoje parece evidente como é que arrumar de forma mística grande parte do lixo emocional que acumulamos em casa só fez sentido em pleno confinamento pandémico. Kondo deixou de vender arrumação de objetos para vender arrumação de tempo. E tem à nossa disponibilização um método ultrainovador de organizar o quotidiano. Ou seja, tornou a sua nova obsessão um modelo de fazer dinheiro. Kondo esgotou os conselhos sobre uma coisa que tínhamos em excesso (tralha em casa) para aquilo que todos temos em falta (tempo). Isto não é fácil de fazer nem de explicar. Há uma palavra a fixar: negócio.

Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.