Opinião

Governo é quem mais engordou os cofres com a inflação

Governo é quem mais engordou os cofres com a inflação

Duarte Marques

Ex-deputado do PSD

António Costa ensaiou o discurso de culpar os empresários pelo aumento dos custos dos produtos, mas acabou a anunciar um acordo com a distribuição. Mas na verdade quem lucra com a inflação é o Governo, que quase nada redistribui dessa receita extraordinária que resulta da maldita inflação. O maior lucro excessivo (como dizem os socialistas) é o do Estado

Mais uma semana passou, mais um pacote de anúncios mal preparados, pouco pensados e pouco eficazes. Mais um pacote de emergência, mais um conjunto de remendos para um navio que navega sem rumo e com vários instrumentos avariados. O navio não é o Mondego, mas sim uma nação que, infelizmente, já se vai habituando a pensos rápidos sobre problemas que são estruturais.

Raramente em Portugal se pára para pensar, planear ou avaliar o resultado do que foi feito. Veja-se ao longo dos últimos anos a quantidade de pacotes de emergência que foram anunciados e alguns concretizados. Normalmente surgem tardiamente e em resposta a um qualquer percalço político ou embaraço mediático. Nada como uma manchete para obrigar o Governo a reagir ou a atuar. O problema é que quando se anunciam medidas de supetão, de forma oportunista e não estratégica, dá asneira.

Praticamente um ano depois do início da escalada da inflação, e quando esta começa finalmente a dar de si, temos o Governo a anunciar as primeiras medidas de apoio ao cabaz alimentar que na verdade se revelarão muito ténues pois uma redução de 6% nos produtos essenciais, e que pela sua natureza não são dos mais caros, terá pouco peso no carteira dos portugueses. Também por isso não se percebe porque razão o Governo demorou tanto tempo a tomar uma medida como esta.

Mas o que mais nos deve chocar é o facto da receita fiscal ter galopado graças à inflação e nem assim isso ter motivado o primeiro-ministro, António Costa, a apresentar uma pacote de apoio às famílias mais alargado e mais eficaz. Até porque o que se pedia não eram medidas permanentes, que aumentariam a despesa do Estado para o futuro, mas sobretudo apoios diretos ou indiretos às famílias para fazer face ao aumento do custo de vida.

Ora, tal como já disseram diversos economistas da nossa praça, o esforço de investimento do Governo na ajuda às famílias é uma ínfima parte do aumento da receita fiscal por via da inflação. Ou seja, não são os supermercados que engordam com a inflação, o verdadeiro “excêntrico”, como publicita o Euromilhões, é o governo português. Ou seja, António Costa não reparte os lucros pagos pelos próprios “acionistas” em dificuldade mas fica com o dinheiro para continuar a alimentar a propaganda habitual.

O maior lucro excessivo (como dizem os socialistas) é o do Estado.

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