17 março 2023 0:20
A nova corrida ao ouro são os criptoativos ou as suas múltiplas ramificações, os NFT no mercado da arte, os espaços “imobiliários” ou “comerciais” no metaverso, os negócios de credulice nas redes
17 março 2023 0:20
No verão de 2007, David Viniar, um gestor do Goldman Sachs, que tinha sido seu vice-presidente executivo e diretor financeiro durante 14 anos, notou algo estranho nos mercados financeiros. Veterano de crises, nunca tinha visto nada parecido, um dos fundos especulativos do banco perdeu 27% num ápice e isso custou dois mil milhões de dólares para o salvar. “Passámos dias seguidos a ver coisas com 25 desvios-padrão”, disse ele depois. Essas “coisas” eram movimentos de preços que não podiam ser descritos pelos modelos de estimação probabilística que se baseiam na presunção de que a maior parte das variações se situam perto da média e que são raros ou impossíveis os acontecimentos extremos num mercado eficiente. Os analistas financeiros usam esses modelos, os seus gurus economistas garantem-lhes que é a lei da natureza e, por isso, o caso era incompreensível. De facto, a probabilidade de acontecimentos tão raros que tenham 25 desvios-padrão é a mesma que a de ganhar 42 vezes seguidas a lotaria, mas o entusiasmo com a subida das cotações manteve a ilusão e o mercado continuou entusiasmado por mais um ano. A recessão que se seguiu a esta bolha especulativa foi a primeira desde a 2ª Guerra Mundial que provocou a redução em termos absolutos do PIB mundial.
Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.