Se pusermos um estetoscópio no peito da democracia portuguesa, ouviremos o batimento da insatisfação. Estamos preparados para assumir os riscos da organização de mais um megaevento? Não há margem de erro
Para ser membro do governo, um cidadão precisa de passar por um escrutínio com 36 questões. Para se organizar um grande evento internacional bastariam quatro: (1) a aprovação do evento foi feita apenas de forma secretarial, com o timbre do Estado e em acerto com a oposição, ou foi sujeita a uma consulta à sociedade? (2) existe um sistema de governação do evento que permita planeá-lo e executá-lo de acordo com um determinado cronograma? (3) os organizadores usam publicamente argumentos subjetivos, populistas e hiperbólicos sobre os benefícios do evento (“nunca antes na história deste país”), ou a organização é alicerçada em estudos técnicos que antecipam resultados positivos? (4) está previsto um sistema de prestação de contas, controle e transparência?
A organização da Jornada Mundial da Juventude já falhou nos quatro critérios, dificultando consideravelmente a sua realização. Pode ser um desastre financeiro (como no Rio de Janeiro em 2013) ou um sucesso (como em Madrid em 2011).
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