27 janeiro 2023 0:42
Subir os preços dos medicamentos pode ajudar a melhorar a oferta. Mas convém estar atento porque estas medidas podem ter efeitos adversos
27 janeiro 2023 0:42
Quando ouço falar em controlo de preços recordo-me sempre das prateleiras vazias na Venezuela depois de Hugo Chávez ter imposto limites para tentar domar a inflação. É mais ou menos como tentar parar o vento com as mãos. Fixar artificialmente preços é um exercício bastante arriscado. Se ficam demasiado baixos, corre-se o risco de não haver oferta disponível. É o que acontece com os médicos que não querem fazer mais horas extraordinárias — o lazer é sempre tão barato quanto o trabalho — ou com os hospitais privados que cortam nas convenções com a ADSE (ver texto pág. 4). Nada disto surpreende. Claro que há preços fixados ou limitados administrativamente. Assim tem de ser em muitos casos. O salário mínimo, os transportes públicos ou os medicamentos são três exemplos. Inúmeros outros existem. Nuns casos trata-se de serviços públicos que, por definição, tem de ser o Estado a determinar o preço. Noutros são atividades privadas nas quais o Estado interfere. Fazê-lo de forma generalizada multiplica os riscos de criar problemas. Todos os cuidados são poucos para não acabarmos de ‘prateleiras vazias’.