30 dezembro 2022 0:46
Com um enorme peso às costas, físico e concreto, mas acima de tudo simbólico — para os crentes, Cristo leva às costas a humanidade inteira —, porém, apesar de tudo, ao contrário de Atlas, Cristo caminha, avança. Tem força para suportar o peso do que está em cima das suas costas e mesmo assim sobra-lhe força para avançar, para mudar de sítio e para ir espalhando as suas palavras por diferentes espaços
30 dezembro 2022 0:46
“Talvez estas estradas consintam Jesus Cristo
um entre nós na nossa freguesia,
mas dando ao mesmo tempo sentido a tudo isto”
Ruy Belo
Cristo e a mitologia grega.
Atlas, figura mitológica, um dos titãs, super-heróis antigos, tentou derrotar Zeus, mas por este foi derrotado e depois castigado.
Uma força enorme, a de Atlas, e por isso essa força — revolucionária, poderíamos dizer — tem de ser imobilizada pelo grande poder, o de Zeus.
Como o poder imobiliza a revolução? Colocando-a nesse ofício interminável de suportar um peso gigante. Como se imobiliza a revolução? Outra resposta: transformando-a, fazendo-a passar de revolução-animal (que muda de sítio) para revolução-árvore — que não se pode mexer.
(No entanto, podemos definir dois tipos de revolução, entre muitas outras hipóteses: a revolução-animal, revolução ansiosa, e a revolução-árvore, revolução paciente. Não sair do sítio evidentemente não significa estar morto.)
Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.