Opinião

Viver em 2022, morrer em 2020

23 dezembro 2022 0:05

23 dezembro 2022 0:05

Quem é a figura de 2022? São figuras quase anónimas. Se no passado havia a figura do soldado desconhecido, agora há a figura do morto desconhecido, dos mortos desconhecidos, que, apesar do número assustador, não interessam às narrativas dominantes. É que as figuras de 2022 da sociedade portuguesa ainda são os mortos de 2020, e não estou a falar de mortos covid, estou a falar dos mortos provocados pelo #ficaremcasa, pelos confinamentos chineses que as democracias seguiram sem pensar. Estas pessoas estavam a viver em 2022 mas morreram em 2020, ano em que as democracias desistiram de pensar. À boa maneira dos totalitarismos, a narrativa do #ficaremcasa reduziu a rea­lidade a único item. Em consequência, a suspensão da medicina, centrada apenas na “guerra contra a covid”, teve um efeito dramático nos outros doentes. Ao não serem atendidos, examinados ou operados em 2020 e 2021, estes doentes morreram em excesso em 2022. Este efeito não parará em 2023.