Tenho mais em comum com muitos homens e pais homossexuais, que estão disponíveis para se sacrificarem pela sua família, do que com muitos homens e pais heterossexuais, que permanecem indisponíveis para o sacrifício pessoal, que continuam a pensar que cuidar de crianças é só para elas
É cada vez menor, é certo, mas nunca percebi a resistência das direitas ao casamento gay, porque não há instituição mais conservadora e tradicional do que o casamento. Quando começou a defender a ideia do casamento gay no final dos anos 80, Andrew Sullivan, gay e conservador, foi criticado à direita mas também à esquerda pela vanguarda radical do movimento gay, que via no casamento uma instituição retrógrada que a agenda libertária e libertina dos homossexuais não podia acolher.
Só que o movimento gay moveu-se no sentido do casamento, porque percebeu que o homossexual não é diferente de todas as outras pessoas e que, tal como a maioria hetero, deseja uma coisa acima de tudo: passar a sua vida com a pessoa que mais ama. Esta não é só uma vitória do amor, também é uma vitória de quem acredita no casamento e na ideia de que uma vida libertária, libertina e solitária não é solução. A boémia deve ficar na periferia, na margem, na juventude.
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