Opinião

Lições do ‘comboio do Luxemburgo’, que Salazar não deixou entrar em Portugal

Irene Flunser Pimentel

9 dezembro 2022 0:38

Em 1940, três comboios com judeus vindos do Luxemburgo tiveram destinos diferentes

9 dezembro 2022 0:38

Face à terrível guerra de agressão da Ucrânia pela Rússia de Putin, há quem considere que hoje um refugiado não corre perigo na Europa, ao contrário do que aconteceu nos anos 30 e 40 do século XX. Lembro que os refugiados hoje não são só ucranianos e que muitos deles morrem para chegar à Europa, onde são colocados em campos, privados de futuro. Parafraseando Hannah Arendt (em textos de 1949 e 1951), os refugiados, muitos deles apátridas (como ela o foi, enquanto judia alemã, nos anos 30 e 40), não têm “o direito de ter direitos” e assim perdem o próprio direito de “pertencer à humanidade”. Como a humanidade está organizada em Estados — explica Arendt —, os refugiados apátridas, como os judeus da Alemanha nazi, não foram simplesmente expulsos do seu país, mas de todos os paí­ses e da própria Humanidade.