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O Toyota em segunda da mulher-a-dias é mais importante do que a bomba nova do Ronaldo

O Toyota em segunda da mulher-a-dias é mais importante do que a bomba nova do Ronaldo

Henrique Raposo

Ao esquecer que o Toyota em segunda mão e provavelmente a gasóleo da mulher-a-dias é mais importante do que o bólide novo e talvez elétrico de Ronaldo, ao nosso tempo criou o caldo para a revolta populista devido à sua obsessão com uma meritocracia fria e desumana (a mulher-a-dias só é mulher-a-dias porque não se esforçou) e devido à obsessão igualmente fria e desumana do ambientalismo apocalíptico (a mulher-a-dias é quase uma criminosa porque tem um carro a gasóleo)

José Cutileiro faz falta. Era difícil, senão impossível, discordar da sua sensatez. Também era impossível não ficar marcado pelas imagens simples que ele projetava para explicar problemas complexos. Por exemplo, como é que se explica a emergência do populismo neste século? Porque o capitalismo criado neste século, o capitalismo global simbolizado ao máximo por Ronaldo, esqueceu o velho equilíbrio social.

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