António Costa revelou que Portugal quer, até 2026, aumentar para 80% o peso das renováveis na eletricidade consumida. É um número impressionante. Mas não é suficiente para nos tornarmos um país competitivo e sustentável
Há algumas estatísticas que nos deixam orgulhosos. As energias renováveis representam 34% do consumo final bruto de energia em Portugal, um valor muito acima da média europeia (22%). Além disso, o peso das fontes de energia renováveis na eletricidade representa 59% (37% na Europa). São as bases para as ambiciosas metas nacionais de descarbonização. Como disse o primeiro-ministro na abertura da Assembleia Geral da ONU em setembro, “Portugal tem estado na linha da frente do processo de descarbonização, tendo sido o primeiro a assumir o compromisso de alcançar a neutralidade carbónica até 2050, logo na COP22 em Marraquexe.” Ficámos também briosos quando António Costa anunciou, esta semana na COP 27, a intenção de antecipar para 2045 as metas nacionais de descarbonização.
A liderança portuguesa nas renováveis tornou-se uma liturgia nacional, repetida ininterruptamente por vários governos em discursos públicos, incluindo em todas as COPs da última década. E bem. Mas com isso criou-se a visão distorcida na sociedade portuguesa que o país é sustentável porque consome muita energia solar, eólica e oceânica. Celebramos uma estatística positiva e negligenciamos as nossas limitações em várias outras áreas associadas à sustentabilidade.
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