4 novembro 2022 0:21
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Como todas as pessoas merecedoras de confiança, comecei os meus dias a ler o Asterix. Tomei logo partido pelos romanos, inaugurando uma inclinação idiossincrática que me tem trazido inúmeros dissabores. Prossegui os meus estudos clássicos com o Alix, até que a bibliografia básica me levou ao Gibbon e ao seu magistral “Decay and Fall”, de que nunca inteiramente me recompus. Estava numa etapa venturosa da minha vida e acabei a inebriante leitura num pequeno quarto de hotel em Roma, de cuja janela podia tocar as ervas daninhas que cresciam do telhado do Capitólio. Impregnado de Gibbon, que atribuía os males do império ao cristianismo, fui indagar de Juliano, o apóstata, personagem menor que serviu de transição para outro interesse: Justiniano e o incansável Belisário. Nisto, apareceu o Paulo Tunhas, o qual, sabendo que até o Max Gallo já tinha marchado, me redirecionou para o Robert Harris e para as suas belas novelas sobre a vida de Cícero. Aviados Plutarco e Suetónio, dediquei-me às séries do cabo. Confesso, com uma ponta de embaraço, que as vi todas, muito regalado: as boas, as médias e as más.