21 outubro 2022 0:01
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Se começou a ler este artigo atraído pelo título, foi vítima de clickbait. É o termo que designa, no mundo da internet, frases ou imagens que nos levam a clicar num link para satisfazer a nossa curiosidade (a tradução literal da expressão seria “isco para clicar”). O mundo online promove os clickbaits pois a sua moeda de transação é o que designam por engagement (envolvimento): suscitar uma reação ou resposta da nossa parte. Nesse mundo, o sucesso mede-se pelo engagement que se consegue gerar. A neurociência identificou que quando lemos ou vemos algo que nos choca (positiva ou negativamente) produzimos mais dopamina. Esta é uma hormona que nos leva a querer fazer algo (independentemente até do prazer que antecipamos que isso nos possa ou não trazer). Alguém descreveu este fenómeno como uma comichão: temos de coçar até mesmo quando achamos que pode ser pior. É essa retribuição viciante que a dopamina traz que é induzida pelos clickbaits. Vivemos num mundo em que a forma mais fácil de ser lido por muitos de vós é chocar-vos. Jornalistas, comentadores, políticos são hoje criadores e vítimas de clickbaits.