Quase 50 anos depois do 25 de Abril não pensaria que o país fosse tão pobre e tão desigual como os números do Pordata o provam. Mas, ao contrário do que normalmente se pensa, não é a desigualdade que causa a pobreza; é antes a pobreza que permite a desigualdade. Basta visitar os países pobres – de facto, pobres, e não com o nosso nível de pobreza –, para o entender quase de imediato
Por que razão existem 4,5 milhões de portugueses com um rendimento abaixo dos 554 euros mensais, muito abaixo, portanto, do salário mínimo? É certo que as ajudas do Estado fazem este número diminuir para 1,9 milhões, mas como se sabe, as ajudas do Estado devem ser circunstanciais ou assistenciais, e não propriamente um modo de vida. Ou seja, ninguém devia depender, essencialmente, das ajudas do Estado; não por maldade dos governos, mas por delas não necessitarem, salvo os casos, felizmente raros, de deficiências incapacitantes. De resto, os pensionistas não vivem de ajudas, mas do que pouparam, através da Segurança Social, para a sua velhice. Ou, pelo menos, deveria ser assim, embora saibamos que não o é.
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