14 outubro 2022 5:34
O Governo tinha margem para ir mais longe. Preferiu dar prioridade à redução da dívida. Estímulos orçamentais com a economia em ‘pleno emprego’ pode não ser o mais avisado
14 outubro 2022 5:34
É apenas uma linha entre as milhares que percorrem as centenas de páginas do Orçamento do Estado para 2023. Está na página 106 do relatório, no quadro das receitas e despesas em contabilidade nacional, e reza assim: juros €5060 milhões (2022); €6257 milhões (2023). Lacónico. Direto. Elucidativo. Num ano em que a dívida pública até deverá descer para o valor mais baixo em percentagem do PIB desde 2010, a fatura com juros dá um salto de 23,7%. Desde essa altura que o Estado não pagava tanto em juros. A política do Banco Central Europeu (BCE) permitiu uma descida das taxas portuguesas para mínimos históricos e muito ajudou na consolidação das contas. Isso acabou. A taxa de juro implícita na dívida, uma espécie de média, desceu durante sete anos consecutivos. Este ano acabou. E vai começar a subir.