7 outubro 2022 0:58
A solução do Governo para os aumentos dos funcionários prejudica a gestão de recursos humanos e agrava o fosso salarial para o sector privado
7 outubro 2022 0:58
Percebemos finalmente o que queria António Costa quando falou na “referência de 2%” para os aumentos da Função Pública. É a base de atualização em 2023 para quem tem salários brutos acima de €2600 mensais. Começa em 8%, nos vencimentos mais baixos, e desce gradualmente. São cerca de 14% dos trabalhadores do Estado — 90 mil pessoas — que se ficam pela “referência” de 2%. O que não quer dizer que sejam os únicos a perder poder de compra. Serão muitos mais. Quase três quartos do total, se a inflação se ficar entre os 7% e os 8%, como apontam as previsões. Se passar os 8% e nada for alterado na estratégia salarial do Governo, podem ser todos. A redução dos salários reais da grande maioria dos funcionários públicos é a consequência imediata desta proposta. Mas há, pelo menos, duas outras que merecem ser sublinhadas: 1) o leque salarial no Estado estreita-se, mesmo com a revisão dos valores de início de algumas carreiras; 2) agrava-se o fosso das remunerações dos trabalhadores mais qualificados face ao sector privado. Não são pormenores.