Opinião

Fazer cair o pai da mula

9 setembro 2022 0:53

D. Pedro Gritou pela independência ou era mesmo dor de barriga?

9 setembro 2022 0:53

Não me apanham a discutir a independência do Brasil. A sensação que tenho é que exigem um pedido de desculpas preventivo: devolve o meu ouro, português genocida. Tenho alguma dificuldade em ver cidadãos brasileiros brancos de sobrenome Mello ou Queiroz ou Souza ou Farias ou Gomes ou Vasconcellos a falar de “vocês portugueses” — euzinho — como representante de todos os que há centenas de anos terão sido os autores assumidos das maldades que moldaram o Brasil e, por outro lado, esses mesmos Mello ou Queiroz ou Souza ou Farias ou Gomes ou Vasconcellos se gabarem de estar por aquelas bandas desde o Brasil colónia. Sem relação com a vaga panificadora de Manoéis nos meados do século passado, portanto. Há qualquer coisa que lhes escapa — parece-me. Conheço algum Brasil, gosto do Brasil, gosto de brasileiros de todas as cores, sotaques e pontos cardeais, invejo o que fizeram à língua portuguesa, tenho pena de em algum momento a perder como minha, essa língua vossa. Mas 200 anos após a independência as coisas não estão bem entre nós e sinto desse lado um certo rancor inultrapassado e de cá uns laivos xenófobos no quotidiano que me envergonham. Agora que receberam o coração embebedado do imperador — pela minha parte, é vosso — gostaria de saber em que pé estamos.

Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.