Opinião

Lei dos sefarditas, R.I.P.

Rita Mayer Jardim

2 setembro 2022 0:22

A lei dos sefarditas foi o passo lógico seguinte de voltar a acolher os descendentes dos expulsos. Quase nada se sabia sobre a prova desta condição — o ser sefardita — que é histórica, cultural e, só por vezes, religiosa

2 setembro 2022 0:22

Nunca uma lei de nacionalidade portuguesa passou tão drasticamente de herói a vilão como a lei dos sefarditas que, na prática, acabou no dia 31 de agosto de 2022. Quando foi aprovada, em 2015, a imprensa nacional falava em “momento histórico”, “reparação de um erro” e “orgulho”, e a internacional contextualizava a lei com “os milhares de judeus queimados na fogueira”, como escrevia a Associated Press. É claro que Portugal queria ficar bem na fotografia da História. Não só porque Espanha se adiantara, mas também pelo contexto (e o contexto foi tudo, no nascimento e na morte desta lei): a autoestima nacional andava pelas ruas da amargura, desferida pela troika acabada de partir. Não foi por acaso que o turismo judaico foi “eleito nova estratégia de promoção de Portugal”, como anunciava, em 2018, a hiperativa secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho.