2 setembro 2022 0:04
As reformas da Saúde serão feitas ao sabor das pressões dos interesses. Provavelmente serão feitas por eles. A forma como Temido foi abandonada é um sinal à navegação. Os ministros sabem quem manda agora
2 setembro 2022 0:04
“Percebo que alguém estabeleça como linha vermelha a existência de falecimentos num processo que decorre em serviços que tutela.” Foi isto que António Costa disse no dia em que a ministra que enfrentou uma mortífera pandemia se demitiu. Quando um falecimento no SNS determinar o futuro de um ministro da Saúde nenhum durará uma semana. A questão é se essa morte, além de evitável, se deveu a uma falha do sistema. Neste caso, as equipas estavam completas, havia vagas de neonatologia na área metropolitana, transporte especializado e meios humanos e materiais para lidar com uma grávida e fez-se, diz o Santa Maria, o que é suposto ser feito. O sistema, que funciona em rede, estava preparado. E é pelo sistema, e não por cada caso, que a ministra responde. Então, porque se demitiu? Porque sabia que não tinha apoio político para aguentar mais uma polémica. Como ficou claro na edição do Expresso da semana passada, o primeiro-ministro isolou-a para a deixar cair.