Opinião

E foi então que Costa decidiu chamar Paulo Macedo para começar a pôr ordem na casa

Houve um dia, aqui há pouco tempo, em que António Costa resolveu pôr o SNS na ordem. Depois de muito debate, decidiu chamar Paulo Macedo

As conversas, os debates, as discussões, as conjeturas, os algoritmos tinham sido muitos, imensos. Havia quem concordasse com o chefe do Executivo e quem se escandalizasse com o recurso a um ministro de Passos Coelho. Claro que Costa sublinhava que ele era o presidente da Comissão Executiva da Caixa Geral de Depósitos, que não era menos importante do que o SNS. O que foi ele dizer! Saltou Pedro Nuno Santos e exclamou: “O camarada põe ao mesmo nível um serviço essencial às pessoas, que provém aos pobres, e uma instituição financeira que se rege pelas leis do mercado neoliberal?” Costa, com o sorriso de gato de Cheshire, respondeu-lhe que a CGD era essencial para ele e que lhe constava que, tendo em vista a cilindrada dos carros e as declarações ao Tribunal Constitucional, devia ainda ser mais essencial a Pedro Nuno. Alguns presentes (todos do núcleo duro do PS, mais de 50, talvez) riram-se e o debate continuou. Mesmo que a Caixa fosse muito importante, o SNS tinha um aspeto peculiar: era uma obra do PS que não podia ir parar a um homem que, embora independente, fora de um Governo do PSD. “Tá bem!”, exclamou Costa. “Vamos lá resolver isto!” Passou-se à votação e, com umas abstenções, a ideia foi aprovada, já sem Pedro Nuno na sala, pois tinha de ir inaugurar a requalificação de uma carruagem do Metro. Poucos dias depois, Paulo Macedo foi chamado a São Bento e, com o seu melhor formalismo, cumprimentou o primeiro-ministro.

— Sabe por que o chamo? — indagou Costa.

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