Opinião

No Brasil, os golpistas não dormem

26 agosto 2022 0:02

Há um ano que Bolsonaro prepara a acusação de fraude eleitoral. Como Trump, quer colher os frutos do ódio e da mentira que semeou nestes anos. Mas o Brasil não é os EUA. As instituições não têm a mesma solidez

26 agosto 2022 0:02

A protocolar tomada de posse do Tribunal Federal Eleitoral brasileiro transformou-se num momento político quando o seu presidente, Alexandre Moraes, disse: “Somos a única democracia do mundo que apura e divulga os resultados eleitorais no mesmo dia. Com agilidade, segurança, competência e transparência. Isso é motivo de orgulho nacional.” A afirmação anódina foi longamente aplaudida pelos dois mil presentes, incluindo quatro ex-presidentes. Acabrunhado, o destinatário estava ao lado de Moraes. Copiando Trump, Bolsonaro prepara a acusação de fraude eleitoral há um ano. Até já a verbalizou numa reunião com embaixadores de 70 países. Argumento sem provas: as urnas eletrónicas que garantiram a alternância democrática e até elegeram Bolsonaro não são de confiança. O que foi bom para lhe dar a vitória não chega para o derrotar. O recado de Moraes secundava as preocupações expressas por centenas de juristas, numa carta subscrita por milhares de cidadãos: “Assistimos recentemente a desvarios autoritários que puseram em risco a secular democracia norte-americana. Lá, as tentativas de desestabilizar a democracia e a confiança do povo na lisura das eleições não tiveram êxito. Aqui, também não terão.” Na sua última entrevista televisiva, em que disse uma mentira em cada três minutos, o Presidente garantiu que respeitará eleições limpas para, logo depois, dizer que não acredita que o sejam.