19 agosto 2022 2:17
Sempre que um escritor é alvo de um ataque físico, todos dizem que se deve responder às palavras com palavras, aos livros com mais livros. Mas será que este velho adágio faz sentido?
19 agosto 2022 2:17
Ao longo dos últimos 20 anos tive muitas conversas longas com escritores que receberam ameaças de morte, especialmente de “islamistas” ou “extremistas islâmicos”. Ou com escritores que — por várias razões — vivem sob ameaça em países muçulmanos e têm de ser protegidos por guarda-costas. Eu sou um deles. Durante os últimos 15 anos tenho sido protegido, na minha vida pública, por guarda-costas que me foram atribuídos pelo Governo turco. Não importa o quão simpáticos os guarda-costas são ou o quanto tentam permanecer na sombra, esta não é uma experiência agradável. Sei, pela minha própria situação, que, depois dos primeiros anos mais perigosos, o escritor que está sob proteção quer acreditar que “o pior já passou”, que talvez já não precise de guarda-costas e que pode voltar à sua vida antiga, bonita e “normal”. Na maior parte das vezes, esta não é uma decisão realista. Assim, as universidades, organizações, fundações e cidades que convidam um escritor que fala abertamente e que está sob ameaça devem automaticamente garantir a sua segurança, independentemente do que este possa pensar ou dizer sobre a sua condição.