19 agosto 2022 0:20
Um terço da despesa de saúde é paga pelos portugueses do seu bolso. Mais de três milhões têm seguros. Num sistema que custa 75% da receita de IRS
19 agosto 2022 0:20
Imagine, caro leitor, que tem um pequeno restaurante e, dia após dia, vê os seus clientes desaparecer. Para o concorrente do lado, para outros mais distantes ou sabe-se lá para onde. Ficaria preocupado, decerto. Os preços são demasiado altos? A comida é má? As pessoas são mal recebidas? Inúmeras perguntas lhe passariam pela cabeça. Nos hospitais públicos, as mesas não estão vazias porque a procura é muita e os recursos são (bastante) escassos. Mas há outros indicadores que mostram a fuga da ‘clientela’: os seguros de saúde. Quem paga um seguro de saúde —– ou até as empresas que os usam como atrativo adicional para os seus trabalhadores — fá-lo porque quer ter a possibilidade de ser assistido no sector privado caso necessite. Os hospitais do SNS estão abertos para quem deles necessite e os portugueses já os pagam — e bem — com os seus impostos. Mas, ainda assim, dizem os números que o Expresso detalha nesta edição (ver páginas 16-17), há cerca de três milhões de pessoas que têm seguro de saúde, dos quais um pouco mais de metade (55%) é atribuído pelas empresas. Serviços que custaram, em média, €330 no ano passado, mas que, nas versões mais alargadas, que incluem proteção contra doenças oncológicas, podem custar muitas mais centenas de euros anuais.