O efeito Amazon estendeu-se aos outros sectores de comércio e distribuição, queimando terra na passagem. O cliente é rei. Bezos reinventou o mundo do retalho e mudou o planeta
Conversei duas vezes com Jeff Bezos. Foi há uns anos. Ele já não estava revestido com a armadura kevlar que fazia do empreendedor de Seattle e inventor do negócio que revolucionou o mundo um cavaleiro andante dos livros. Quando a Amazon apareceu, a entregar-me à porta livros americanos e ingleses, traduções em inglês dos clássicos, novidades literárias e livros raros, Jeff Bezos tornou-se o meu ídolo. Em vez de diálogos histriónicos tentando convencer a malta do check-in, quando ainda havia oportunidade de conversar com um ser humano no aeroporto, a não pagar excesso de bagagem, começaram a aparecer os caixotinhos recheados da Amazon.com. A Amazon.co.uk ainda não existia. Muito menos as Amazon europeias, péssimas, diga-se de passagem, com um catálogo reduzido e ferozmente nacionalista, sobretudo na Alemanha, onde temos de encomendar em alemão quase sempre porque a língua inglesa não penetrou o software. Pagavam-se os direitos à cabeça, ou não se pagavam direitos, e o pacote aterrava com celeridade. Foi um tempo glorioso.
Dizia-se que Bezos embrulhara ele mesmo as encomendas, no princípio, na garagem dos génios tecnológicos inaugurados com Bill Gates, com a ajuda da mulher, MacKenzie Bezos. Hoje, MacKenzie Scott. MacKenzie vinha da literatura, escrevia livros, publicara um romance. Estudara em Princeton, com Toni Morrison, Prémio Nobel da Literatura. As credenciais desta gente eram impecáveis. Eram da seita dos livros. Com a passagem do tempo, Bezos converteu-se num magnata e no homem mais rico do mundo, à frente de Zuckerberg, Musk, Gates e companhia.
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