Opinião

Como pôr os mais pobres a pagar mais impostos? A Santa Casa da Miséria explica

As famílias mais pobres gastam proporcionalmente 20 vezes mais em lotarias do que as mais ricas

29 fevereiro 2020 8:55

Os economistas costumam dizer que os jogos de sorte e de azar patrocinados pelo Estado (como a Lotaria Nacional ou a Raspadinha) são um imposto sobre a pobreza. São os pobres que mais jogam e mais perdem dinheiro neste tipo de jogos. Vários estudos o demonstram. Um antigo, feito em 1999 para a National Gambling Impact Study Commission, nos Estados Unidos, concluía que as famílias com rendimentos inferiores a 10 mil dólares gastavam mais do dobro em lotarias do que famílias com mais de 100 mil dólares por ano. Ou seja, as famílias mais pobres gastam proporcionalmente 20 vezes mais em lotarias do que as mais ricas. É difícil inventar um imposto mais regressivo do que este. Se a isto acrescentarmos que os desempregados têm maior propensão a comprar estes jogos, rapidamente concluímos que não é apenas um imposto sobre a pobreza, mas também sobre o desespero. É quase uma forma de extorsão, dado que estes jogos são matematicamente desenhados para garantir que quem joga perde dinheiro, em média. É como que uma taxa especial sobre quem não sabe matemática.

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