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Sobreturismo, emissões e soluções: o que há para mudar na forma como viajamos

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Uma vez por mês, à terça-feira, o SER traz-lhe um tema-chave sobre o meio ambiente, com contexto, notícias relevantes e dicas práticas para facilitar a sua jornada “verde”. Hoje, falamos sobre turismo sustentável - por que é importante, os impactos que o setor tem, o que está a mudar em Portugal e como pode fazer escolhas mais conscientes quando viaja.

Viajar, um luxo que exige responsabilidade

Viajar é, para muitos, uma das experiências mais enriquecedoras - mas, para o planeta, é também uma das atividades com maior impacto ambiental. Segundo a Organização Mundial do Turismo (OMT), o setor representa cerca de 8% das emissões globais de gases com efeito de estufa (GEE), um valor que sobe para os 10% quando considerada apenas a União Europeia (UE).


O transporte aéreo, os cruzeiros, o uso intensivo de recursos naturais (como a água e a energia) e a produção de resíduos estão entre as principais fontes de impacto. E nos destinos mais procurados, os efeitos agravam-se: o turismo de massas sobrecarrega infraestruturas e serviços, encarece a habitação local e pode transformar tradições culturais.


Em Portugal, o turismo é um dos principais motores da economia, tendo sido responsável por cerca de 16,5% do PIB em 2023. Contudo, o crescimento da atividade tem trazido desafios, com Lisboa, Porto, Algarve e Açores a enfrentarem fenómenos de sobreturismo. Quando olhamos exclusivamente para a pegada ambiental do nosso país, deparamo-nos com quase 18% de emissões de GEE.

Turismo sustentável: o que é e como está a evoluir em Portugal?

Muito mais do que “ecoturismo”, o turismo sustentável é um modelo que procura equilibrar benefícios económicos com responsabilidade ambiental e justiça social, que assenta em três pilares:

  • Ambiental: faz uma gestão eficiente dos recursos naturais, minimiza os resíduos associados à atividade e reduz as emissões de GEE;
  • Económico: cria valor local, combate a sazonalidade e evita dependência de grandes operadores externos;
  • Social: respeita e envolve as comunidades locais, promovendo a inclusão e identidade cultural;

Portugal tem dado passos nesta direção. Por exemplo, a Estratégia Turismo 2027, aprovada pelo Governo, coloca a sustentabilidade como um dos eixos centrais do setor; os Açores tornaram-se o primeiro arquipélago do mundo certificado como “Destino Turístico Sustentável” pela EarthCheck; há cada vez mais projetos de turismo de natureza, rural e cultural.


Além disso, existem novas ferramentas ao dispor das empresas. O Turismo de Portugal lançou recentemente uma calculadora de emissões de GEE, integrada na plataforma “Forest” e gratuita para empresas aderentes ao programa Empresas Turismo 360°. Em termos práticos, permite medir com precisão o impacto climático das operações turísticas, recolher dados essenciais para o cumprimento de obrigações regulatórias e facilitar o acesso a financiamento sustentável.

Quais os desafios a superar?

Apesar dos avanços, há muito por fazer para tornar o setor verdadeiramente sustentável - essa é uma transição complexa, que exige um esforço conjunto de governos, empresas e consumidores.


Entre os principais desafios está o crescimento contínuo das viagens aéreas, com impacto direto nas emissões de GEE. Muitos destinos continuam saturados durante a época alta, sem capacidade para acolher de forma responsável o elevado número de visitantes. Acresce a ausência de critérios padronizados que permitam distinguir o que é realmente sustentável, o que abre espaço ao fenómeno do greenwashing (sobre o qual falámos nesta edição).


Por fim, as comunidades locais nem sempre beneficiam diretamente da atividade turística, sobretudo quando esta é dominada por grandes plataformas de alojamento ou operadores internacionais.

Como podemos ser parte da solução?

Enquanto viajante, também pode contribuir para um turismo mais sustentável. Aqui ficam cinco dicas práticas:

  1. Evite a época alta: Viaje em períodos menos concorridos para reduzir a pressão sobre os destinos e ter uma experiência mais autêntica;
  2. Dê preferência a alojamentos com práticas ambientais: veja se utilizam energias renováveis, têm políticas de resíduos ou usam produtos locais;
  3. Opte por transportes com menor pegada de carbono: sempre que possível, opte por meios mais amigos do ambiente, como bicicletas e comboios;
  4. Apoie negócios locais: consuma em mercados regionais, escolha pequenos produtores e contrate guias locais (são fontes de valor económico e cultural);
  5. Reduza resíduos: leve a sua garrafa reutilizável, evite plásticos descartáveis e modere o consumo excessivo de água e energia;




Cada gesto, por mais pequeno que seja, conta para criar um futuro mais “verde”. A newsletter Expresso SER volta à sua caixa de correio no próximo mês, com mais dicas e informação.


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