A longevidade é o futuro da medicina

Novas terapias, tecnologias, tratamentos inovadores. Estes foram alguns dos temas em discussão no primeiro dia do Longevity Med Summit
Novas terapias, tecnologias, tratamentos inovadores. Estes foram alguns dos temas em discussão no primeiro dia do Longevity Med Summit
Dedicado sobretudo a temas ligados à saúde e à medicina, o Longevity Med Summit arrancou nesta quinta-feira, em Cascais. O evento traz a Portugal alguns dos principais especialistas e investigadores na área da longevidade. Perante o anfiteatro da Casa das Histórias Paula Rego, mais de uma dezena de oradores abordaram o futuro da medicina, o recurso à inteligência artificial, novas terapias, suplementação e tecnologia. Foram apresentados vários projetos internacionais que ainda estão, no entanto, longe de chegar aos hospitais.
“O principal objetivo do evento é fornecer e partilhar conhecimento com a comunidade médica, de forma a ajudar os pacientes a viverem mais anos e com mais saúde. O futuro da medicina é a longevidade, com principal foco no envelhecimento saudável”, lê-se na apresentação do encontro, que termina nesta sexta-feira.
Estas foram as principais conclusões:
Evelyne Bischof, médica no Renji Hospital, na China, diz que “não existe cura para o envelhecimento”. “Mas a inteligência artificial tem um papel fundamental na análise de dados e coloca-nos perante algo que nos ajuda a prever doenças e criar terapias. Há fármacos que já foram criados por inteligência artificial”, afirmou ao Expresso. Questionada sobre o atual momento desta tecnologia, a investigadora considera que está “cada vez mais próxima do cidadão comum”. “Temos de nos lembrar que estamos a falar de uma máquina que usa dados e que estes são limitados no tempo.”
São cada vez mais uma alternativa aos lares tradicionais e às clínicas ou hospitais como os conhecemos. Focados em cuidados personalizados, à medida de cada paciente, juntam cuidados médicos e tratamentos de bem-estar, com atendimento em função das necessidades específicas de cada pessoa. Longevity Center Group (Polónia e Alemanha), Sheba Longevity Center (Israel), Clinique La Prairie (Suíça) e SHA Wellness Clinic (Espanha) são alguns exemplos. Muitos dos clientes escolhem estes locais numa lógica de ‘férias cirúrgicas’.
É uma das áreas da saúde que tem conhecido maiores desenvolvimentos nos últimos anos. Durante o Longevity Med Summit, foram apresentados vários projetos-piloto ligados à saúde. Nika Pintar é uma mulher saudável, mas a mãe morreu com leucemia e o pai com um ataque cardíaco, aos 47 anos. Para contrariar este ciclo, criou a Ani Biome. O objetivo é fazer diagnósticos precoces através de dados biométricos, permitindo que um paciente faça o seu próprio scan diário em apenas um minuto.
Sabendo que as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte a nível global, Vicent Linder fundou a Calciscon, que comercializa uma plataforma essencial para gerar conhecimento sobre o envelhecimento vascular e o desenvolvimento de doenças crónicas.
Embora longe de estarem acessíveis ao cidadão comum, as câmaras hiperbáricas são um tratamento baseado na respiração de oxigénio em grande quantidade. Segundo o médico Shai Efrati, diretor do Sagol Center for Hyperbaric Medicine (Israel), trata-se de um método para “preservar a performance a longo prazo”, no sentido da regeneração das células.
Fabrizio d’Adda di Fagagna, biólogo do italiano Institute of Molecular Genetics, defende que o envelhecimento coloca desafios a vários níveis, nomeadamente económico. “Um idoso custa sete vezes mais ao sistema de saúde do que um jovem. Isto leva a uma mudança sistémica na sociedade”, disse ao Expresso. Do ponto de vista médico, continua, “o envelhecimento é inevitável, mas pode ser contrariado com fármacos e intervenções médicas”.
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