“Votem em mim, eu evitarei uma guerra com a Rússia”, prometia Andrej Babis na corrida à presidência da República Checa, que perdeu este sábado por 42% dos votos contra os 58% alcançados por Petr Pavel, o rival da contenda.
Comentadores chamaram à luta entre os dois candidatos o confronto da democracia constitucional com o populismo, este representado pelo multimilionário e ex-primeiro- ministro, Andrej Babis, que se recandidatou semanas apenas após ter sido ilibado das acusações de ter defraudado a União Europeia em milhares de milhões de euros, como reporta o “Politico.eu”
Os checos favoreceram Petr Pavel, um general ex-comandante militar da NATO, em detrimento de Babis, que deixou rasto na paisagem política e empresarial do país ao longo da última década. No seu discurso de vitória, Pavel usou um “tom conciliatório” agradecendo a todos os que tinham votado, “incluindo os que tinham escolhido Babis”, lê-se no “Washington Post”.
Tal como noutros países europeus, o papel do Presidente na República Checa é cerimonial, porém é importante em termosm simbólicos. Ainda mais, com a guerra na Ucrânia em fundo, é significativa a vitória ter sido dada a um homem que escolhe unir os cidadãos checos sob os valores da “verdade, dignidade, respeito e humildade”, tal como os enumerou o presidente eleito.
Analistas veem neste resultado a prova de que “os populistas podem ser derrotados” e uma “mensagem muito forte às relações transatlânticas bem como para a democracia constitucional - um sistema sob pressão” como lhe chamou Jiri Priban, professor de direito e filosofia da Universidade de Cardiff, no País de Gales.
“É bom que vamos ter um Presidente que tem por objetivo unir os cidadãos”, comentou o primeiro-ministro checo, Petr Fiala durante a conferência de imprensa em que congratulou o vencedor.
Petr Pavel substitui Milos Zeman conhecido por, ao longo de dez anos, ter excedido largamente os seus poderes ao ter nomeado um governo de gestão não eleito, que não foi aprovado pelo parlamento, ao ter-se recusado a nomear juízes e professores que não eram do seu agrado e ter bloqueado nomeações políticas ao mesmo tempo que mantinha proximidade com a China e com a Rússia, descreve o “Washington Post”.
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