16 janeiro 2014 14:00
Separatistas tiveram ajuda de três dissidentes socialistas para aprovar resolução que pede a Madrid poderes para convocar a consulta. O Governo central conservador não está disposto a autorizá-la.
16 janeiro 2014 14:00
O Parlamento catalão aprovou, esta manhã, um pedido ao Parlamento espanhol para que este lhe dê competências para convocar um referendo sobre a independência da Catalunha.
A proposta foi aprovada com os votos dos partidos soberanistas e de três deputados socialistas que furaram a disciplina partidária. Votaram a favor 87 dos 135 deputados, tendo havido 43 votos contra e três abstenções.
A Convergência e União (CiU, aliança nacionalista conservadora, no governo regional) realçou que o que o hemiciclo pede é um referendo, não a independência imediata. Querem que a consulta seja "legal e consensual". A Esquerda Republicana da Catalunha e a Iniciativa pela Catalunha (aliança de comunistas e ecologistas) apoiaram o pedido. A Candidatura de Unidade Popular (esquerda) absteve-se.
O Partido Popular (direita, no poder em Madrid) e o pequeno partido antinacionalista Cidadãos votaram contra, tal como a maior parte dos parlamentares do Partido dos Socialistas Catalães, ramo regional do Partido Socialista Operário Espanhol.
O Governo espanhol, liderado por Mariano Rajoy, tem reafirmado que o referendo proposto é inconstitucional. Já o presidente catalão, Artur Mas, procura usar essa inflexibilidade para convencer os eleitores catalães de que não há entendimento possível entre a Catalunha e Espanha, empurrando-os para o separatismo. Hoje congratulou-se pela maioria "sólida e ampla" que aprovou o pedido.
Caso Madrid mantenha a intransigência, poderá haver uma antecipação das eleições regionais, previstas para 2016, que se transformariam num plebiscito à secessão. A data que os separatistas desejam para o referendo é 9 de novembro de 2014.
Socialistas divididos
O PSC, que tem defendido o direito dos catalães a decidir, embora seja contra a independência, afirma que o governo catalão impediu qualquer acordo com Madrid ao aprovar em dezembro, de forma unilateral, a data e as duas perguntas do referendo (serão "Quer que a Catalunha seja um Estado?" e "Quer que seja independente?"). Os socialistas são a favor da conversão de toda a Espanha num Estado federal.
Três deles. porém, votaram a favor do pedido do referendo, arriscando a expulsão do PSC. Joan Ignasi Elena, um dos dissidentes, disse ter votado "sim" pensando "no que é melhor para o país". A direção partidária exorta-os a deixarem o Parlamento.
Os partidos que votaram contra encorajaram Artur Mas a ir a Madrid defender o projeto do referendo perante o Parlamento espanhol, que é o organismo a quem a Constituição dá poder para convocar consultas populares. Já a CUP, que se absteve apesar de ser independentista, fê-lo por achar a proposta tímida. A seu ver, a Catalunha não tem de pedir licença a ninguém para dar a palavra aos seus cidadãos.