Internacional

Ministro do Interior da Guiné "exigiu" embarque de sírios para Portugal

23 dezembro 2013 12:57

A comissão de inquérito ao incidente com um voo da TAP em Bissau concluiu que António Suka Intchama alegou "motivos de segurança interna" para exigir o embarque dos 74 sírios para Portugal

23 dezembro 2013 12:57

A comissão de inquérito ao incidente com um voo da TAP em Bissau concluiu que o ministro do Interior do Governo de transição guineense, António Suka Intchama, "exigiu" o embarque dos 74 sírios com passaportes falsos para Portugal.

De acordo com o relatório da comissão de inquérito, divulgado hoje, "houve de facto uma intervenção direta" do ministro guineense, que alegou "motivos de segurança interna" para exigir o embarque dos sírios.

O chefe da escala, diretor-geral, da TAP,  Sérgio Bagulho também tem  responsabilidades na partida do avião da TAP para Lisboa, disse o ministro da Justiça Saido Baldé, que presidiu à comissão de inquérito.

Baldé não divulgou o relatório na totalidade, com o argumento de estar em segredo de justiça.

Ministro do Interior telefonou ao chefe de escala

O presidente da comissão do inquérito diz que o ministro do Interior guineense terá feito "uma pressão" por telefone ao chefe da escala da TAP em Bissau para que este autorizasse o embarque dos sírios.

Pressionado, "via telefone e não com recurso a armas de fogo", o chefe da escala da TAP em Bissau "teria informado o seu superior hierárquico em Lisboa, Sergio Bagulho, de quem terá recebido indicações no sentido de deixar embarcar os sírios para que a

 questão fosse resolvida em Portugal", refere-se no relatório.

O documento refere ainda que "não houve coação nem física nem armada em relação à tripulação da TAP, nem ao chefe de escala" da companhia aérea em Bissau em relação ao voo de dia 10 de dezembro.

O relatório concluiu também que a ordem do embarque dos 74 sírios foi dada pelo diretor-geral de escalas das delegações da TAP em África, a partir de Lisboa.  

Razões invocadas para forçar o embarque

O ministro da Justiça da Guiné admitiu que o ministro do Interior agiu daquela forma por considerar que os sírios não podiam ficar em Bissau uma vez que "estavam de passagem" na Guiné-Bissau.

António Suca Ntchama teria concluído que por não estarem autorizados, com vistos de permanência, na Guiné-Bissau deviam seguir viagem para o seu destino final e que se isso não tivesse acontecido "os outros passageiros também não podiam ir", disse Saido Baldé. 

A conclusão é retirada dos autos do inquérito baseado nas declarações do chefe de escala da TAP em Bissau (um cidadão guineense) e do ministro do Interior demissionário, referiu ainda o ministro da Justiça.