Internacional

México. Dois assassinos contratados, uma confissão, uma fossa clandestina e alguns segredos por desvendar

6 outubro 2014 17:33

Expresso

Um elemento da polícia mexicana acompanha a saída de uma carrinha que transporta alguns dos cadáveres encontrados numa fossa em Pueblo Viejo

yuri cortez/afp/getty images

Cabecilhas do cartel Guerreros Unidos admitem ter assassinado 17 estudantes. O local do crime? Uma fossa clandestina com 28 cadáveres. Quanto aos restantes corpos encontrados, pouco ou nada se sabe. 

6 outubro 2014 17:33

Expresso

Dois membros de um cartel do estado mexicano de Guerrera são responsáveis pelo assassinato de 17 de 43 estudantes desaparecidos no sul do México. Os jovens foram mutilados, queimados e lançados numa vala. As suas identidades ainda não são conhecidas.

A confissão de ambos os assassinos foi tornada pública na noite de domingo pela procuradoria de Iguala. Os dois homens confirmaram que os corpos dos 17 jovens jazem numa vala clandestina descoberta no sábado. A vala está situada numa montanha em Pueblo Viejo, um distrito empobrecido da cidade de Iguala, onde os estudantes foram vistos pela última vez na noite de 26 de setembro.

De acordo com o procurador do estado de Guerrero, Inaky Blanco, "foi feita uma cama de galhos e troncos de árvore, na qual estavam deitados os corpos das vítimas, e foi usada uma substância inflamável." 

Blanco adiantou que muitos dos corpos encontrados se encontravam seriamente queimados e dilacerados. Familiares de 37 estudantes já forneceram amostras de ADN, que serão usadas para determinar se os restos mortais encontrados pertencem aos desaparecidos.

As declarações dos detidos, porém, deixam algumas incógnitas por resolver. Não há qualquer rasto dos outros 26 estudantes desaparecidos. Também carece de explicação o facto de estarem 28 corpos na fossa sinalizada pelos assassinos - e não 17. A procuradoria não avançará com mais detalhes até que esteja concluída a identificação genética dos restos, processo que deverá durar duas semanas. 

Até agora, todos os resultados das investigações, ainda que fragmentários, parecem apontar para um cenário de conivência entre o cartel Guerreros Unidos e as autoridades locais. Ao entrarem em Iguala, os estudantes foram seguidos pelos dois emissários do cartel. Estes mesmos aliaram-se mais tarde aos polícias do município durante o ataque dirigido ao autocarro onde os estudantes se encontravam.

Uma vez detidos pela Polícia Municipal de Iguala, os 43 jovens foram entregues ao grupo de crime organizado para serem aniquilados, sob acusação de terem desafiado o poder do cartel.