2 abril 2023 8:18

Bloqueio de estrada em Telavive contra a reforma judicial de Benjamin Netanyahu
ahmad gharabli/afp/getty images
“Encurralado” pela coligação com partidos ultra-ortodoxos e de extrema-direita, primeiro-ministro adia legislação que ataca a separação de poderes
2 abril 2023 8:18
Mudei de ideias sobre os protestos: achava que não iam resultar, agora acho”, começa por dizer ao Expresso o português e israelita David Rash Pina, que se mudou há seis anos para Telavive, considerada a cidade mais liberal de Israel. Ali, a reforma judicial proposta pelo Governo no início do ano já motivou 122 protestos só em 2023, o maior número de qualquer cidade israelita (em Jerusalém, foram 38). É difícil não ir às manifestações, diz David. “Tenho amigos que estão sempre lá. Se quero estar com eles, tenho de ir. Há funcionários das tecnológicas, reformados, professores, artistas... a cidade toda”, relata este homem de 39 anos, copywriter numa empresa de tecnologia.
A proposta do Executivo — coligação entre o Likud (direita) de Benjamin Netanyahu e partidos xenófobos e ultraortodoxos — prevê que o Knesset (Parlamento) possa nomear os juízes do Supremo Tribunal, único contrapeso ao poder executivo num país sem Constituição. “É uma reforma selvagem que ameaça a democracia, e o Governo subvalorizou a reação das pessoas. Há nas ruas sectores da população que nunca foram ativos politicamente”, diz ao Expresso o politólogo Guy Ben-Porat, da Universidade de Ben-Gurion do Neguev. Esta semana, Netanyahu adiou a votação da reforma judicial no Knesset, em busca de consenso. Os trabalhos parlamentares estão em pausa pascal, e regressam em maio.