Médio Oriente

Palestinianos cessam cooperação de segurança com Israel após ataque com 9 mortos

Palestinianos cessam cooperação de segurança com Israel após ataque com 9 mortos
AMMAR AWAD/Reuters

Nabil Abu Rudeineh, porta-voz da Autoridade Palestiniana, fez o anúncio numa conferência de imprensa em Ramallah, horas depois do mais mortífero ataque israelita na Cisjordânia em duas décadas

A Autoridade Palestiniana decidiu esta quinta-feira suspender a cooperação de segurança com Israel que endureceu as suas ações na Cisjordânia, na sequência de uma incursão militar israelita no território ocupado de que resultou a morte de nove palestinianos.

Nabil Abu Rudeineh, porta-voz da Autoridade Palestiniana, fez o anúncio numa conferência de imprensa em Ramallah, horas depois do mais mortífero ataque israelita na Cisjordânia em duas décadas. Disse ainda que os palestinianos planeiam apresentar queixa contra Israel ao Conselho de Segurança das Nações Unidas e junto do Tribunal Penal Internacional.

As forças israelitas mataram hoje de manhã pelo menos nove palestinianos, incluindo uma mulher de 61 anos, e feriram vários outros num ataque em larga escala, numa zona de grande tensão da Cisjordânia ocupada, informaram as autoridades palestinianas. Os militares israelitas também mataram, num outro incidente separado, um palestiniano de 22 anos.

Os Estados Unidos reagiram à decisão da Autoridade Palestiniana dizendo que lamentam e sublinhando a importância de as duas partes manterem essa cooperação. "Obviamente, não achamos que seja a decisão certa a tomar agora", disse aos jornalistas uma alta responsável do Departamento de Estado, Barbara Leaf. "Acreditamos, pelo contrário, que é muito importante que as partes mantenham ou até aprofundem a sua coordenação de segurança", salientou.

O ataque das forças israelitas hoje de manhã no campo de refugiados de Jenin aumenta o risco de uma explosão de violência na luta israelo-palestiniana, além de ser um teste para o novo Governo israelita, e lança uma sombra sobre a aguardada viagem do secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, à região na próxima semana.

O exército israelita, que ocupa a Cisjordânia desde 1967, realiza incursões quase diárias neste território palestiniano, principalmente no norte, nas áreas de Jenin e Nablus, redutos de fações armadas palestinianas. Os contínuos ataques israelitas na Cisjordânia representam um sério desafio para a Autoridade Palestiniana, para o respetivo líder, Mahmud Abbas, e para a sua política de cooperação de segurança com Israel, particularmente contra os seus rivais militantes islâmicos.

Ao mesmo tempo, essa cooperação é profundamente impopular entre os palestinianos que se revoltam com a ocupação israelita, agora a entrar no 56.º ano, principalmente entre os mais jovens que formam pequenos bandos em algumas áreas, como Jenin e Nablus, e realizam ataques contra alvos israelitas.

Desde o ano passado, o mais violento desde 2006 e que contabilizou 170 palestinianos mortos, Jenin é uma das principais fontes de violência na Cisjordânia ocupada e abriga um grande movimento de milícias ligadas a várias fações, incluindo o Hamas e a Jihad Islâmica.

A Autoridade Palestiniana cortou pela última vez a coordenação de segurança com Israel em 2020, por causa da vontade do então primeiro-ministro (e agora novamente no poder) Benjamin Netanyahu de anexar a Cisjordânia ocupada, o que tornaria inviável um futuro Estado palestiniano.

Seis meses depois, com a influência de Washington, retomou a cooperação, sinalizando a importância financeira da relação com Israel e depois de Netanyahu ter posto em suspenso o seu plano de anexação como parte de um acordo de normalização das relações com os Emirados Árabes Unidos.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

Comentários

Assine e junte-se ao novo fórum de comentários

Conheça a opinião de outros assinantes do Expresso e as respostas dos nossos jornalistas. Exclusivo para assinantes

Já é Assinante?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate
+ Vistas