Internacional

Hollande 'sonha' com França de 2025

20 agosto 2013 9:37

Daniel Ribeiro, correspondente em Paris

Presidente vê a França, dentro de 12 anos, com pleno emprego, alojamento para todos e harmonia entre gerações e culturas. Oposição diz que é um "sonho acordado".

20 agosto 2013 9:37

Daniel Ribeiro, correspondente em Paris

"Parecem aquelas cartas que as crianças escrevem ao Pai Natal, é um sonho acordado". Foi desta forma irónica que François Bayrou, da direita moderada, reagiu ao seminário sobre a França de 2025, que ontem reuniu, no Eliseu, o Governo e o Presidente franceses.  

Acusado pela oposição de viver fora da realidade, François Hollande indicou que o Governo anunciará medidas concretas sobre os problemas mais urgentes do país até ao fim deste mês. Mas, mesmo assim, avançou com o seminário para desenhar a sua visão do que será França dentro de 12 anos.

Para o Presidente francês, os grandes desafios do futuro no seu país serão reforçar a soberania política, diplomática e militar, alcançar a "excelência" da indústria e dos serviços, bem como a harmonia e a unidade entre gerações, culturas e classes sociais.  

Para atingir estes objetivos, Hollande diz que a França tem como trunfo a "vantagem demográfica" bem como a sua preparação, em curso, para entrar nas batalhas da globalização e da transição energética.

Brisa de utopia

No Eliseu soprava ontem uma certa brisa de utopia. Pierre Moscovici, ministro da Economia e Finanças, garantia que o pleno emprego é possível em 2025 e Cécile Duflot, ecologista e ministra do Alojamento, afiançava que até esse ano todos os franceses terão um alojamento digno.

A reflexão sobre o futuro de França vai continuar nos próximos meses sob a direção do economista Jean Pisani-Ferry, que foi nomeado para o efeito comissário-geral para a Estratégia e a Perspetiva. Pisani-Ferry parece menos otimista do que o Governo socialista e prevê, dentro de uma dúzia de anos, uma França "mais velha, mais pequena e menos rica".

A realização do seminário que marcou a rentrée do Governo depois das férias surpreendeu os franceses, que esperam um outono complicado na frente social devido, designadamente, ao projeto de revisão do sistema das pensões de reforma e a uma anunciada subida de impostos.  

A presidência francesa indicou que estes problemas concretos, bem como o combate ao desemprego, serão objeto de medidas específicas a definir até ao início do mês de setembro.