24 fevereiro 2023 22:01

FUTURO Andryi Dovhopoliy trouxe a mãe e a avó para o abrigo antiaéreo e pede à Europa que pare de enviar armas
Depois de ter sido expulso de Kiev, Kharkiv e Kherson, o orgulho ferido do exército russo tenta recompor-se em Donetsk, o distrito da região do Donbas onde a intensidade dos confrontos está a matar centenas de soldados dos dois lados todos os dias. Um ano depois, os civis que não fugiram ainda vivem debaixo do solo, porque libertação não é o mesmo que liberdade
24 fevereiro 2023 22:01
Foi preciso Andryi levantar a voz para que a mãe e a avó começassem a preparar as coisas para a eventualidade de terem de passar algumas noites no abrigo antiaéreo do prédio velho onde sempre viveram, na pequena cidade de Lyman, distrito de Donetsk, no leste eternamente exposto da Ucrânia. A primavera já ia longa, a lama havia secado o suficiente para permitir um avanço mais consistente da artilharia russa, que disparava sobre a cidade com cada vez mais precisão e frequência. O ex-maquinista, de 39 anos, só conseguiu arrastar as duas mulheres para o refúgio a 16 de abril — e nunca mais voltaram ao seu quarto andar. Das 365 noites desta guerra, a família Dovhopoliy viveu 313 debaixo do chão.
São centenas de veículos militares de todo o tipo, seguem quase colados uns aos outros. Como um comboio. Autocarros civis em serviço especial vão cheios de homens de farda. O reforço de tropas, mantimentos e munições para a linha da frente de Bakhmut entope o trânsito na reta de 50 quilómetros que liga Izium, a última grande cidade do distrito de Kharkiv, a Sloviansk, a primeira no distrito de Donetsk.
Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.