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Um ano de guerra na Ucrânia

A guerra em carne viva: como uma viagem ao Donbas fez Kiev parecer Paris

A avó de um soldado ucraniano despede- se do corpo do seu neto que foi morto durante os combates na linha de frente desta guerra. Kharkiv, Ucrânia, 30 de março de 2022
A avó de um soldado ucraniano despede- se do corpo do seu neto que foi morto durante os combates na linha de frente desta guerra. Kharkiv, Ucrânia, 30 de março de 2022
Rui Caria
Foram dezenas de histórias, as que contámos, sobre a guerra na Ucrânia. Outras tantas hão-de ficar connosco; aquelas que não contámos e não contamos, seja por falta de palavras, de força ou porque queremos fingir que não vimos, mas que nos acompanham como tatuagens rabiscadas, à pressa, na pele. Mas quem sabe, talvez um dia possamos contar as histórias de nós a contarmos histórias, numa espécie de metadiscurso à procura de revelar o que fomos arrumando nos mais diversos cantos da nossa memória. Esta é uma das crónicas de enviados da SIC à Ucrânia que publicamos ao longo desta semana, em que se cumpre um ano de guerra

Rui Caria, jornalista da SIC

Um ano depois, olho para a guerra como no dia em que pisei a Ucrânia. Com medo. Não falo do primeiro medo de quem chega e não sabe o que vai encontrar para além do que vê nas notícias à distância da realidade crua da guerra. Esse medo inicial é pedagógico, ajuda-nos a saber estar, e vai ficando por lá à medida que nos adaptamos. Mas há uma espécie de medo que vem connosco para casa; o medo do futuro, da paz tardia ou mesmo intangível.

A experiência de viver um pedaço da história de um país em pedaços, como está a Ucrânia, é indescritível. Nem me atreveria a descodificar as emoções que senti quase todos os dias, durante 40 dias; 20 em março e abril e outros 20 em maio. O intervalo de cerca de três semanas, longe da guerra, não chegou para amainar a vontade de voltar. A sensação constante de que tinha abandonado aquelas pessoas e as suas histórias não me dava descanso; sabia que tinha deixado algo por fazer, só não sabia o quê nem porquê.

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