A guerra em carne viva: como uma viagem ao Donbas fez Kiev parecer Paris

Rui Caria, jornalista da SIC
Um ano depois, olho para a guerra como no dia em que pisei a Ucrânia. Com medo. Não falo do primeiro medo de quem chega e não sabe o que vai encontrar para além do que vê nas notícias à distância da realidade crua da guerra. Esse medo inicial é pedagógico, ajuda-nos a saber estar, e vai ficando por lá à medida que nos adaptamos. Mas há uma espécie de medo que vem connosco para casa; o medo do futuro, da paz tardia ou mesmo intangível.
A experiência de viver um pedaço da história de um país em pedaços, como está a Ucrânia, é indescritível. Nem me atreveria a descodificar as emoções que senti quase todos os dias, durante 40 dias; 20 em março e abril e outros 20 em maio. O intervalo de cerca de três semanas, longe da guerra, não chegou para amainar a vontade de voltar. A sensação constante de que tinha abandonado aquelas pessoas e as suas histórias não me dava descanso; sabia que tinha deixado algo por fazer, só não sabia o quê nem porquê.
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