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Guerra na Ucrânia

Mistério da sabotagem do Nord Stream: autoria de grupo pró-ucraniano é plausível, culpa de Moscovo é improvável, dizem os analistas

As explosões do gasoduto ocorreram no final de setembro
As explosões do gasoduto ocorreram no final de setembro
Sean Gallup

Desde setembro, continuam a surgir teorias para explicar as explosões do gasoduto Nord Stream. Os analistas, no entanto, acreditam que algumas são mais prováveis do que outras: a hipótese do envolvimento de Moscovo é colocada no patamar do “implausível”. Nesta quinta-feira, surgiram mais indícios de sabotagens no Mar do Norte, com uma investigação conjunta dos países nórdicos a sugerir que navios russos fantasma preparam a interrupção de cabos de comunicação ocidentais

O “método da negação” e a “incapacidade de pensar logicamente” estarão a impedir a opinião pública de se alinhar em torno da hipótese de envolvimento dos Estados Unidos da América e do Reino Unido na sabotagem do gasoduto Nord Stream. Foi o que defendeu Nikolai Patrushev, secretário do Conselho de Segurança russo, ao pedir uma investigação séria aos acontecimentos que remontam a setembro de 2022. Vladimir Putin lançou ainda a suspeita de que uma outra bomba pode encontrar-se ”sob o sistema do gasoduto", já que “a cerca de 30 quilómetros do local da explosão, foi encontrado um poste”. De acordo com o líder russo, “os especialistas acreditam que possa ser uma antena para receber um sinal com vista a ativar um engenho explosivo”. Nos últimos dias, as dúvidas aumentaram de volume, quando surgiu uma nova teoria para explicar as explosões: a sabotagem terá sido obra de uma equipa de mergulhadores que usou um pequeno iate fretado chamado “Andromeda”, de acordo com uma investigação da revista alemã “Der Spiegel”.

A mais recente explicação sugere que o bombardeamento tenha sido causado por uma tripulação de seis pessoas, que conduziram um iate de 15 metros até à ilha dinamarquesa de Christiansø, no mar Báltico (perto do local exato onde ocorreram as explosões dos gasodutos, a 26 de setembro). Segundo a teoria, a tripulação que fretou o iate era composta por cinco homens e uma mulher, e uma das pessoas tinha passaporte búlgaro falsificado. É ainda referido que os tripulantes falavam uma língua que “soava a polaco ou checo”. No entanto, trata-se de apenas mais uma conjetura que se junta às suposições que se foram acumulando ao longo dos últimos seis anos, porque o acontecimento suscitou não só preocupações de escassez energética, como análises geopolíticas.

Moscovo, conhecida pelo aprimoramento de técnicas de guerra híbrida e enredada numa disputa económica com a Europa, com o propósito de provocar um inverno penoso aos países europeus, foi acusada pelo Ocidente por fazer explodir o gasoduto. É uma teoria, contudo, que não convence os analistas. “Não acredito que a Rússia seja a responsável mais provável pelo ataque ao gasoduto Nord Stream, embora não deixe de ser plausível”, diz ao Expresso Evan Cooper, investigador do Scowcroft Center for Strategy and Security, em Washington. “A Rússia tem um interesse significativo em impedir que os países da NATO se envolvam mais na guerra e um ataque a uma infraestrutura importante, se atribuído à Rússia, seria usado no Ocidente para defender um maior envolvimento na guerra.”

A infraestrutura do Nord Stream pertence à empresa russa Gazprom. Antes das explosões, em setembro, a gigante russa da energia tinha anunciado a suspensão do fluxo dos tubos Nord Stream 1, citando problemas técnicos que a UE caracterizou como “alegações falaciosas”. Também Putin fez uma ameaça velada: a Europa “congelaria” se mantivesse as sanções ao sector da energia russa. Walter Dorn, professor de Estudos de Defesa na Canadian Forces College, em Toronto, também não dá força à teoria de autoria russa. “A Rússia perde influência se o Nord Stream 2 não estiver a funcionar. Se a Rússia quisesse parar o fluxo de gás, poderia simplesmente desligá-lo. Não necessitaria de sabotar a rede.”

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