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Guerra na Ucrânia

Iwen Puddu, combatente na guerra na Ucrânia: “Pensávamos que a Rússia tinha um dos melhores exércitos do mundo, mas é uma vergonha absoluta”

Iwen Puddu na Ucrânia, onde combateu contra os invasores russos na Legião Estrangeira
Iwen Puddu na Ucrânia, onde combateu contra os invasores russos na Legião Estrangeira
Tiago Carrasco

Filho de pai italiano e mãe alemã, Iwen Puddu vive há 22 anos em Peniche e considera-se português. Combate pela Ucrânia desde os primeiros dias de guerra e tornou-se atirador furtivo de uma unidade composta por estrangeiros. No fim, quer regressar a Portugal para surfar e pescar

Numa casa em Odessa, Iwen Puddu, 55 anos, tenta recuperar de uma cirurgia ao joelho que o afastou da frente de combate em Mykolaiv, no sul da Ucrânia. Os ligamentos rebentaram de vez a meio de agosto, durante dois dias debaixo de fogo, em que perdeu um amigo e viu outro ficar ferido. Passa o tempo a ver vídeos, alguns de guerra, outros de surf na Nazaré. Nascido em Ulm, na Alemanha, filho de pai italiano e mãe germânica, familiarizou-se com armas de fogo logo na adolescência.

Esteve 12 anos preso. Paraquedista, caçador em terra e nas profundezas dos mares, decidiu juntar-se às forças ucranianas no combate contra a Rússia para defender a Europa e a memória da mãe, violada por soldados soviéticos na II Guerra Mundial. Rejeita o rótulo de mercenário e acredita que a vitória ucraniana acontecerá já no inverno. Em português fluente, com sotaque de Peniche — embora temperado com expressões italianas e alemãs —, o combatente relata ao Expresso a experiência de sete meses numa guerra infernal.

Porque decidiu juntar-se à Ucrânia na guerra contra a Rússia?
Na noite em que a guerra começou nem consegui dormir. Estava chocado. Só pensava que os russos iam ganhar em dois ou três dias e depois quem os parava? Mamma mia, iam continuar pela Polónia, Lituânia, até chegarem a Berlim e quem sabe a Portugal. Não quero viver nesta ditadura russa. Gosto da Europa e do nosso estilo de vida, achei que era altura de a defender. Estava em Estugarda, tinha saído da prisão há pouco tempo e não tinha muito a perder. Vendi umas coisas, agarrei no dinheiro que tinha, enfiei numa malinha umas roupas de inverno e dois drones e pus-me a caminho.

Levou armas?
Não, era proibido entrar com armas na Ucrânia.

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