A União Europeia vai suspender o acordo com a Rússia que facilita a emissão de vistos. No entanto, não será imposta uma proibição total uma vez que não há unanimidade entre os Estados-membros, adiantou o ministro dos Negócios Estrangeiros húngaro, Peter Szijjarto, esta quarta-feira no Facebook.
Peter Szijjarto disse que a Hungria, juntamente com outros Estados-membros, se opôs à proibição dos vistos russos, numa reunião com os restantes ministros dos Negócios Estrangeiros da UE, em Praga. “Não haverá uma proibição geral de vistos imposta aos cidadãos russos. Vários Estados-membros levantaram a sua voz contra isto, incluindo eu próprio”, afirmou.
A maioria dos países da União Europeia defende a proibição total dos vistos a cidadãos russos, mas a Alemanha e a França, por exemplo, consideram a medida desadequada, pois acreditam que os cidadãos russos comuns devem continuar a ter acesso ao Ocidente.
João Gomes Cravinho saudou este “compromisso equilibrado”. Em declarações à saída da reunião informal de rentrée dos ministros dos Negócios Estrangeiros dos 27, indicou que, apesar das diferentes posições entre os Estados-membros à partida para esta discussão – alguns defendiam a proibição total de entrada de cidadãos da Rússia no espaço comunitário –, foi possível chegar a “uma solução partilhada por todos”.
“Apesar de, ocasionalmente, ter havido até momentos mais intensos da discussão, houve sempre uma grande vontade de encontrarmos uma solução partilhada por todos, e isso foi possível, nomeadamente com o final do acordo de facilitação de vistos com a Rússia”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros português.
Lembrando que este acordo de facilitação de vistos “foi assinado no quadro de uma parceria estratégica com a Rússia na primeira década deste século [em 2007]”, Gomes Cravinho salientou que “essa parceria estratégica já não existe”.
“Não há razão nenhuma para nós termos em relação à Rússia um mecanismo de facilitação de vistos que nós não temos com tantos outros países do mundo e, portanto, vamos terminar com o acordo de facilitação de vistos”, disse, acrescentando que “isso vai levar a um grau de exigência muito maior, portanto o crivo mais apertado na verificação da documentação de quem viaja para a UE”.
Por outro lado, revelou, está também a ser desenvolvido um “trabalho técnico complexo” relacionado com a circulação de russos que já têm atualmente visto, e isto atendendo a que, atualmente, “há cerca de 12 milhões de vistos Schengen emitidos para cidadãos russos”, com durações variáveis.
O ministro explicou ainda que os Estados-membros estão agora “a verificar quais são exatamente as condições que permitem condicionar” a circulação de cidadãos russos com vistos emitidos, notando que “alguns países, nomeadamente aqueles que têm fronteiras terrestres com a Rússia, têm razões significativas em termos de segurança nacional para querer condicionar esse fluxo, porque são dezenas ou mesmo centenas de milhares de russos que podem desequilibrar países com populações pequenas”.
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