Margarida estava no jardim com a tia quando um projétil russo explodiu. Já morreram 343 crianças na guerra: reportagem em Kharkiv

Veem-se ao longe umas poucas pessoas em redor do féretro aberto que contém o corpo sem vida de Margarita. A mãe da menina de um lado, o pai em frente. Choram a morte da única filha, enquanto os bombardeamentos prosseguem na pequena povoação perto da cidade de Kharkiv (Carcóvia), que a viu nascer e morrer aos oito anos, durante um dos muitos bombardeamentos russos numa das duas principais frentes de combate na Ucrânia. Margarita é uma das mais de 323 crianças mortas desde o início da guerra. Estava no jardim da sua casa com a tia quando um projétil russo explodiu. Os pais salvaram-se porque estavam dentro de portas. A tia teve mais sorte do que Margarita, mas ficará sem pernas e, caso sobreviva, desconhecem-se os danos permanentes com que terá de viver.

Aquele dia mudou para sempre a vida desta família. A mãe sustendo nos seus braços a filha coberta de sangue, enquanto a cunhada, no assento dianteiro, se contorce de dor devido aos ferimentos da metralha que lhe destroçou o corpo. O pai, Gaponenko, é quem conduz a toda a velocidade em direção ao hospital, na esperança de ainda poder salvar a filha. Não será assim. Margarita sofreu impactos na cabeça, no peito. Morrerá ao chegar ao hospital.

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