O apoio do eleitorado afro-americano é essencial para a vitória de qualquer candidato democrata às presidenciais nos Estados Unidos. Em 2020, a vitória renhida de Joe Biden seria impossível sem o apoio de 90% da comunidade negra. Mas as últimas sondagens têm preocupado a campanha democrata, dada a queda no apoio e no entusiasmo de comunidades racializadas em Kamala Harris (mesmo após os comentários discriminatórios de Donald Trump sobre a sua etnia). Segundo uma sondagem recente do jornal “The New York Times”/Siena College, 78% dos eleitores negros dizem apoiar Harris, menos 12% em relação a Biden, enquanto 15% preferem Trump.
Nos últimos dias, Harris e a sua campanha procuraram inverter a tendência. Depois do ‘recado’ de Barack Obama aos homens negros, a vice-presidente apresentou na terça-feira um pacote de medidas, endereçado especificamente para a comunidade afro-americana. Durante a manhã, foi a Detroit para uma ronda de perguntas e respostas no influente programa de rádio “The Breakfast Club”, de Charlamagne Tha God, ouvido por cerca de 8 milhões de pessoas por mês, maioritariamente por homens negros.
Durante a entrevista, Kamala Harris desvalorizou quem sugere que o seu estilo é “muito repetitivo”, congratulando-se antes por ser “disciplinada” e argumentando que “há certas coisas que têm de ser repetidas para garantir que toda a gente sabe” o que defende.
Mas o momento mais marcante da entrevista surgiu quando Harris argumentou que a eleição de novembro centra-se em “duas visões muito diferentes para o país” e que um segundo mandato de Trump seria um “retrocesso”. Charlamagne procurou que Harris fosse mais longe e disse: “O outro [candidato] é sobre fascismo. Não podemos dizer isso?”
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