A chefe da polícia de Memphis desmembrou a chamada Unidade Escorpião alegando uma “nuvem de desonra” deixada pelo vídeo que mostrava os agentes a sovar Tyre Nichols até à morte na sequência de uma operação auto-stop.
A decisão da chefe Cerelyn “CJ” Davis foi tomada no dia a seguir à divulgação do vídeo após ter ouvido os familiares de Nichols, os líderes comunitários e agentes não envolvidos no caso, lê-se no “Los Angeles Times”.
A divulgação das imagens brutais reacendeu dúvidas sobre a continuada violência nestas situações, apesar dos apelos à mudança, ainda mais neste caso já que os cinco agentes acusados de matar Tyre Nichols são, tal como ele, negros.
Alguns destes cinco agentes responsáveis pela morte de Nichols pertenciam à Unidade Escorpião, doravante desativada, a qual permitia aos agentes “fazer o que podem para prender pessoas”, segundo definição de um ex-agente da polícia de Memphis, Tennessee.
A combater o crime violento desde outubro de 2021
O esquadrão foi criado em outubro de 2021 com o objetivo de combater o aumento da criminalidade que se fazia sentir desde há dois anos seguidos e foi anunciado numa publicação na página de Facebook da polícia com um vídeo mostrando um grupo de agentes usando equipamento de choque sob o título “O Departamento de Polícia de Memphis lança nova Unidade Escorpião”, descreve a Sky News. O nome deveria significar (em inglês) “Operação para restaurar a paz nas nossas vizinhanças”, no entanto foram agentes daquela unidade que mataram Tyre Nichols à pancada por alegada condução perigosa.
Referindo-se aos “atos odiosos de alguns” que desonraram a Unidade Escorpião, a chefe Davis declarou ser imperativo que o departamento de polícia de Memphis “desse passos proativos no processo de ultrapassagem” do trauma.
“É no melhor interesse de todos desativar a Unidade Escorpião definitivamente”, disse Davis, explicando que os cerca de 30 agentes destacados para combater os crimes graves concordaram “sem reservas”, reproduz o “Los Angeles Times”.
Davis tornou-se a primeira mulher negra a chefiar a polícia em Memphis um ano após George Floyd ter sido morto às mãos da polícia de Minneapolis, quando ela era chefe em Durham, Carolina do Norte, e concorreu para o posto numa medida de reformar a polícia.
A equipa jurídica da família Nichols considerou a extinção da unidade “uma decisão decente e justa”. “Temos de lembrar-nos que este é apenas o passo seguinte nesta viagem em direção à justiça e ao controlo uma vez que este tipo de comportamento violento não é exclusivo destas unidades especiais. Vai muito além delas”, declararam os advogados, citados pelo mesmo jornal.
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