Internacional

China enceta "purga moral" contra a prostituição

21 fevereiro 2014 11:51

As imagens de jovens prostitutas, detidas em operações policiais, foram exibidas pela televisão estatal chinesa

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"Poderá ser um regresso ao estado puritano da era de Mao", comenta um historiador e analista político, acerca das recentes medidas de combate à prostituição na China. 

21 fevereiro 2014 11:51

Um dirigente policial foi demitido e quatro responsáveis do Partido Comunista chinês pediram desculpas públicas por terem falhado no controlo da prostituição nas áreas de sua jurisdição, no âmbito de uma série de medidas que estão a ser encaradas como um regresso do combate à prostituição na China, após a indústria do sexo ter passado a ser tolerada a partir dos anos 1980.

O ministro nacional de Segurança Pública tem estado a comandar a operação de combate à indústria do sexo, segundo refere a agência Associated Press. As imagens de diversas jovens prostitutas algemadas, após terem sido apanhadas em operações policiais, foram exibidas na televisão estatal chinesa.

Um jornal do Partido Comunista Chinês publicou quatro editoriais a condenar qualquer simpatia para com a indústria do sexo.

A prostituição e o combate à corrupção

"Poderá ser um regresso ao Estado puritano da era de Mao", afirma o historiador e analista político Zhang Lifan, citado pela AP. O Presidente Xi Jinping "poderá querer reconstruir a ordem social em moldes mais culturalmente conservadores", acrescenta.

Ai Xiaoming, professor da Universidade Sun Ya-sen, do sul da China, afirma à mesma agência de notícias que esta campanha é consistente com a cruzada anticorrupção de Xi Jinping: "Isto é uma purga moral, que surge quando a liderança do partido quer impor controle".

Muitos analistas, entre os quais Zhang, consideram também que o objetivo da campanha pode passar por atingir rivais políticos do Presidente, ao mesmo tempo que é efetuada uma limpeza da corrupção na polícia.

Após ter tomado o poder em 1949, o Partido Comunista Chinês fechou bordéis e arranjou novas atividades para as prostitutas, anunciando depois a erradicação da indústria do sexo como uma das suas grandes conquistas.

Em sequência da abertura económica nos anos 1980, a prostituição começou a ser tolerada no país e gradualmente veio a ganhar uma significativa dimensão. Estima-se que o número de prostitutas tenha chegado aos quatro a seis milhões, com a atividade a passar a ter lugar em saunas, centros de massagens, discotecas, bares e hotéis.