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Brasil: Violência não está no folheto turístico das praias do Rio Grande do Norte

26 março 2023 15:33

Polícia em Natal, no estado de Rio Grande do Norte, uma de várias cidades onde bandos incendiaram veículos e atacaram edifícios públicos

alessandro imperial/afp/getty images

Carros incendiados, bancos atacados, escolas e transportes a meio gás, são a face visível de uma onda de ataques que atingiu 39 cidades do Nordeste brasileiro nos últimos dez dias. O Sindicato do Crime e o Primeiro Comando da Capital (duas fações criminais que controlam o tráfico de droga) “pularam o muro da cadeia” para reivindicarem melhores condições de detenção para os detidos. O paraíso segue dentro de momentos no estado do Rio Grande do Norte

26 março 2023 15:33

A onda de violência que está a paralisar transportes e a fechar escolas em 39 cidades do estado brasileiro de Rio Grande do Norte (RGN) é a perfeita antinomia de um vídeo que o turismo estadual divulgou em 2010 com a interpelação “Sabe aquele lugar onde as paisagens não param de impressionar?” A resposta surge em imagens simultâneas que desafiam o candidato a turista a banhar-se nas praias paradisíacas e a passear nas dunas de Natal. Treze anos depois, essas imagens de férias no paraíso continuam a marcar a promoção do turismo no RGN, mas a realidade mostra que as capitais do Nordeste já não são “cidades pacíficas”, explica ao Expresso o professor Michel Misse, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Os desacatos que varrem o RGN desde dia 14 geram medo e caos, mas não são inéditos nem exclusivos deste estado de 3,8 milhões de habitantes, cuja área é pouco maior do que meio Portugal Continental. A brutalidade fomentada pelo crime organizado e pelo tráfico de droga “faz da América Latina uma das zonas mais violentas do mundo”, afirma Misse, que investiga há décadas o tema da Segurança Pública.