Parlamento aprova voto a celebrar 75 anos do Estado de Israel

Quase todo o PS, PSD, Chega, IL votam a favor, PCP e BE contra. Dois socialistas abstiveram-se, tal como os deputados únicos do PAN e do Livre
Quase todo o PS, PSD, Chega, IL votam a favor, PCP e BE contra. Dois socialistas abstiveram-se, tal como os deputados únicos do PAN e do Livre
Editor da secção Internacional
A Assembleia da República aprovou esta sexta-feira um voto de saudação pelo 75.º aniversário da independência de Israel, assinalada no passado dia 13 de maio. A proposta do Grupo Parlamentar de Amizade Portugal-Israel — que inclui 15 deputados entre PS, PSD e Chega — obteve 215 votos a favor, 11 contra e quatro abstenções.
Os votos contra vieram do PCP e do BE, provindo as abstenções dos deputados únicos do PAN e do Livre e ainda dos socialistas Isabel Moreira e Paulo Pisco. A aprovação ficou a cargo dos restantes deputados do PS e de todos os do PSD, Chega e IL.
O voto em causa celebra a restauração, em 1947, de “um lar judaico na Terra de Israel (Eretz Israel), onde as suas raízes remontam há pelo menos 35 séculos e onde a identidade nacional, cultural e religiosa judaica foi formada e a sua presença física mantida através dos séculos, mesmo após muitos terem sido forçados ao exílio”.
Recordando que o Portugal democrático tem laços diplomáticos com o Estado hebraico desde 12 de maio de 1977, logo no I Governo Constitucional (chefiado por Mário Soares), os deputados frisam a necessidade de “concluir o desígnio de paz na região”, em conformidade com a solução de dois Estados preconizada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas.
O deputado social-democrata Alexandre Poço, presidente do Grupo de Amizade e primeiro subscritor da proposta, fala ao Expresso de “uma saudação numa data histórica a um país e a um povo amigos de Portugal”.
Sublinhando que “a relação entre Portugal e Israel tem vindo a ser aprofundada nos últimos anos em várias áreas”, Poço acredita que a iniciativa que encabeçou reforce “o caminho conjunto que os dois países e povos podem fazer para lidar com os seus desafios”.
A socialista Isabel Moreira explicou ao Expresso que se absteve por considerar que a redação do voto trata de forma igual o que é diferente: Israel e a Palestina. “Claro que não ponho em causa a existência do estado de Israel”, frisa, para explicar que rejeita apenas “os termos em que é feita a simetria Israel/Palestina”. A seu ver, hoje é esta última que “está em luta por reconhecimento e oprimida”.
Numa declaração de voto, a deputada cita um relatório da Amnistia Internacional que refere “ocupação em massa de territórios e propriedades palestinianas, as execuções, as deslocações forçadas, as limitações radicais de circulação e a recusa de nacionalidade e cidadania aos palestinianos integram um sistema que equivale a apartheid à luz do direito internacional”.
Moreira refere ainda o esforço israelita por “estabelecer – e depois manter – uma maioria demográfica judaica” e uma ocupação guiada pelo propósito de “beneficiar israelitas judeus em detrimento de palestinianos, enquanto os refugiados palestinianos continuam a ser excluídos”.
“Os palestinianos têm sido fragmentados do ponto de vista geográfico e político”, escreve a deputada, afirmando que, embora discriminados face aos israelitas judeus, os palestinianos residentes em Israel gozam de melhores direitos e liberdade do que os seus homólogos nos territórios ocupados. Também a experiência dos moradores da Faixa de Gaza muito diferente da dos da Cisjordânia.
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