Internacional

Navio de guerra dos Estados Unidos em operação no mar do Sul da China, Pequim denuncia “intrusão”

A Presidente taiwanesa, Tsai Ing-wen, foi recebida na Califórnia pelo líder da Câmara dos Representantes, Kevin McCarthy
A Presidente taiwanesa, Tsai Ing-wen, foi recebida na Califórnia pelo líder da Câmara dos Representantes, Kevin McCarthy
Mario Tama/Getty Images

A Marinha dos Estados Unidos anunciou que um dos seus navios está a realizar uma operação no mar do Sul da China. Ao mesmo tempo, Pequim tem levado a cabo manobras militares em redor de Taiwan

A Marinha dos Estados Unidos anunciou esta segunda-feira que um dos seus navios está a realizar uma operação no mar do Sul da China. Pequim denuncia “a intrusão” do contratorpedeiro, mas Washington assegura que “esta operação de liberdade de navegação respeitou os direitos, liberdades e usos legais do mar”.

Os Estados Unidos acrescentam que o USS Milius passou perto das ilhas Spratly e a menos de 12 milhas náuticas (22 quilómetros) do recife Mischief, reivindicado pela China e outros países da região.

O discurso chinês é bem diferente. “O contratorpedeiro lança-mísseis USS Milius entrou ilegalmente nas águas adjacentes ao recife Meiji [nome oficial chinês para o recife Mischief] nas ilhas Nansha [nome chinês das Spratly] da China, sem autorização do Governo chinês”, declarou Tian Junli, porta-voz do Comando do Teatro de Operações Sul do exército chinês. A força aérea chinesa “seguiu e vigiou o navio de guerra”, acrescentou em comunicado.

A passagem do navio de guerra americano numa zona contestada ocorreu quando a China realiza, pelo terceiro dia consecutivo, exercícios militares em redor de Taiwan, em protesto contra uma visita aos Estados Unidos da Presidente da ilha, Tsai Ing-wen.

Esta foi recebida pelo presidente da Câmara dos Representantes do Congresso americano, Kevin McCarthy. A China respondeu ao encontro entre com o aumento da atividade militar e a proibição de viagens e sanções contra entidades e pessoas associados à viagem da dirigente taiwanesa.

Um mar, muitas reivindicações

A China anunciou ter mobilizado caças com “munição real” e o porta-aviões Shandong para “ataques simulados” a alvos em Taiwan, após ter cercado o território com dezenas de aviões e navios de guerra. “Grupos de caças H-6K com munição real realizaram ataques simulados em alvos importantes na ilha de Taiwan”, informou o Comando do Teatro de Operações Oriental do Exército de Libertação Popular, especificando que o Shandong também “participou nos exercícios”.

Entre domingo e segunda-feira, 70 aviões cruzaram a linha mediana do estreito de Taiwan, fronteira não oficial que já foi tacitamente respeitada por ambos os lados, segundo comunicado do Ministério da Defesa da ilha. Entre os aviões que cruzaram o espaço aéreo constam oito caças J-16, quatro caças J-1, oito caças Su-30 e aviões de reconhecimento.

Já entre sexta-feira e sábado, oito navios de guerra e 71 aviões chineses tinham sido detetados perto de Taiwan. O Ministério taiwanês está a abordar a situação de uma perspetiva de “não escalar conflitos e não causar disputas”.

Pequim reivindica praticamente todo o mar do Sul da China, via comercial estratégica e rica em recursos energéticos e pesqueiros. Taiwan, Filipinas, Brunei, Malásia e Vietname também têm reivindicações.

Visita de Pelosi enfureceu Pequim

Além das patrulhas de prontidão de combate, o Exército de Libertação Popular da China vai realizar exercícios com fogo real na baía de Luoyuan, na província de Fujian, que fica no leste da China e defronte a Taiwan, anunciou a Autoridade Marítima local no fim de semana.

Nos últimos anos, as incursões de jatos da Força Aérea chinesa no espaço aéreo de Taiwan intensificaram-se e, após a antecessora de McCarthy, Nancy Pelosi, ter visitado a ilha, em agosto passado, Pequim lançou exercícios militares numa escala sem precedentes, incluindo lançamento de mísseis e uso de fogo real. A visita de Pelosi foi a de mais alto nível realizada pelos EUA em 25 anos.

No final da II Guerra Mundial, Taiwan integrou a República da China, sob o governo nacionalista de Chiang Kai-shek. Após a derrota contra o Partido Comunista, na guerra civil chinesa, em 1949, o Governo nacionalista refugiou-se na ilha, que mantém, até hoje, o nome oficial de República da China, em contraposição com a República Popular da China, no continente chinês.

Pequim considera a ilha parte do seu território e ameaça a reunificação através da força, caso Taipé declare formalmente a independência.

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